quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Comércio eletrônico é a aposta das redes de varejo

A disputa das redes de varejo no comércio eletrônico, que deve movimentar R$ 10,5 bilhões em 2009, ficará ainda mais acirrada no final do ano. Os maiores players com operações virtuais já estabelecidas já começam a se preparar para o período, com reforço de equipes, aprimoramento da logística de entrega e diversificação de produtos. O Walmart é um deles e, com uma operação de e-commerce recente, tem estratégia agressiva para aumentar sua fatia nesse mercado.A entrada de novos players, como Casas Bahia, e os investimentos na expansão das operações de empresas como Extra.com, do Grupo Pão de Açúcar, que agora detém também o PontoFrio.com, já está ameaçando a hegemonia da B2W, resultado da fusão entre Submarino e Americanas.com.

A empresa chegou a ter 50% do mercado e, hoje, detém 36%, de acordo com a e-bit, empresa especializada em comércio eletrônico. A participação das dez maiores redes também sofreu uma leve redução de 2,2% neste semestre, uma tendência de descentralização das lojas virtuais.De acordo com Flávio Dias, diretor de e-commerce do Walmart, apesar de não revelar valores, a rede está com fortes investimentos e preocupada em se antecipar, tanto que em agosto já está se preparando para o Natal, quando afirma que não deve ter problemas de entrega porque terá o dobro da capacidade que tem hoje. "Preferimos antecipar os investimentos e ter até ociosidade. Estamos ampliando a nossa estrutura, temos um operador logístico que não para de crescer, e reforçarmos a equipe e o quadro de funcionários", explica.

Este ano o Walmart ainda deve disputar as vendas de Natal com um portfólio maior de produtos e concorrendo com todos os players, já que deve passar a vender móveis e livros, por exemplo. A rede optou pela estratégia de aos poucos oferecer mais categorias de produtos, o que ainda trará maior base de clientes. Hoje, vendem 15 categorias e, até o final de 2009, mais duas -a de livros, CDs e DVDs e a de ferramentas- devem ser oferecidas, o que fará com que o número de itens do site salte de 30 mil para 100 mil. Dias ainda destaca que a negociação para aumentar o mix e manter preços baixos é grande: "Estamos superpreparados, já temos uma negociação muito forte com os fornecedores e vamos incomodar bastante: não lançamos categorias por lançar", reforça.

Concorrência

O Extra.com (não-alimentos) e o Pão de Açúcar Delivery (alimentos), braços do Grupo Pão de Açúcar no e-commerce, também vêm registrando altíssimo crescimento e prometem continuar com boa participação. Só em 2008, o Extra.com teve vendas 168% superiores às do ano anterior. No primeiro semestre deste ano, também continuou com alta, de 50% sobre o mesmo período de 2008. Apesar de não revelar investimentos separadamente na área, o e-commerce e a área de logística também devem receber mais reforços até o final do ano em que, só no primeiro semestre, o grupo investiu R$ 103,6 milhões em infraestrutura (logística e tecnologia).Para o professor Claúdio Felisoni, presidente do Programa Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), as redes devem investir mais em logística, já que seria uma das únicas formas de se diferenciar no mercado: "Na internet é muito mais fácil o consumidor mudar de idéia e optar por comprar no concorrente por um problema de logística. É preciso investir para ter uma entrega confiável", diz. Para ele, a preparação para o Natal também deve ser forte, já que é vendido o dobro do que nos meses anteriores. Felisoni acredita que o e-commerce tem potencial para continuar crescendo cerca de quatro vezes mais que o varejo físico e para atrair ainda consumidores com poder aquisitivo mais baixo que passam a ter acesso à internet.

O período de compras para o Natal deve ser o ponto alto da disputa firme entre as tradicionais redes de varejo por uma fatia dos R$ 10,5 bilhões que o e-commerce movimentará em 2009. Lojas virtuais do Walmart, do Extra e do Pão de Açúcar vão incrementar a oferta de produtos e a entrega para competir com a B2W, que tem perdido espaço em seu habitat natural, a internet.

Fonte: DCI