quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Varejo teme falta de tevê LCD e indústria produz a todo vapor

Em meio ao planejamento de compras para o período de vendas natalinas e liquidações de janeiro, parte dos grandes varejistas está receosa quanto ao abastecimento de televisores de LCD pelos fornecedores, que, segundo redes ouvidas pelo DCI, estão entregando apenas de 60% a 80% dos pedidos totais.

Pesquisas feitas pelas empresas indicam que neste ano esses aparelhos deverão ser os propulsores nas vendas, tanto que a mineira Ricardo Eletro, com 260 lojas, estuda fazer estoque até 30% maior para o final deste ano em relação a 2008.

Embora o departamento de compras da empresa inicie a queda-de-braço com a indústria em meados de setembro, o diretor da área, Rômulo Cunha, e sua equipe já esmiúçam o histórico de vendas da Ricardo Eletro e fazem cálculos para os pedidos. "A venda de LCD está a todo a vapor, mas a indústria está com dificuldade de entregar os pedidos, além da restrição na disponibilidade de modelos", contou o executivo.

Cunha explica que o consumidor que comprava uma TV de 29 polegadas mira agora num eletrônico mais tecnológico, enquanto os fornecedores estavam preocupados com a recessão, que não atingiu o País. A mesma situação se deu com os produtores de linha branca, depois da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de geladeiras, fogões e máquinas de lavar.

A programação da varejista conduzida pelos irmãos Ricardo e Rodrigo Nunes inclui também um acréscimo nos pedidos para câmeras digitais (70%) e linha de informática (30%), principalmente os notebooks. "O faturamento com câmeras será mais alto porque os preços aumentaram quase 50%, e a maior procura é pelos novos modelos, cujo tíquete médio é a partir de R$ 799", afirmou Daniel Camargo, gerente de Compras de Tecnologia e Informática da rede.

Expectativa

A paulista Cybelar é outra que está com o planejamento em curso, sendo que o incremento no pedido variará entre 5% e 15%, a depender da categoria do produto. Ubirajara José Pasquotto, diretor da companhia que chegará ao final do ano com 75 filiais, espera que o abastecimento volte ao normal em novembro, para que a demanda seja atendida.

"Apesar do reajuste ocorrido nos meses anteriores, a tendência é que o preço do televisor de LCD caia, visto que a cotação do dólar está em queda e parte dos componentes do aparelho é importada", observou. Para o período natalino, Pasquotto negociará mais câmeras digitais, celulares, notebooks. E a comercialização dos itens de branca deverá continuar forte se a redução do IPI for estendida novamente.

Copa do Mundo

Segurar o pedido para fazer uma negociação mais vantajosa será a estratégia da Lojas Cem, que garante ter capital de giro para comprar a encomenda à vista ou no prazo estipulado pelos fornecedores. "Ainda temos um pouco de estoque. Se comprarmos de imediato teremos os preços mais altos, por isso veremos como o mercado se comportará. Se o volume comprado foi maior, o preço é menor", destacou José Domingos Alves, supervisor-geral da rede paulista constituída por 177 estabelecimentos.

O supervisor acredita que este Natal será marcado pelo LCD, porque as vésperas da Copa do Mundo geram uma expectativa nas pessoas, que vão querer renovar a principal televisão da casa, por exemplo. A previsão é comprar um volume 10% maior na reta final do ano e alcançar no mínimo a mesma porcentagem de crescimento nas vendas.

Na iminência de os consumidores anteciparem as compras de itens da linha branca devido ao término da redução do IPI, a Lojas do Baú Crediário e outras redes elevarão as compras. "A manutenção do IPI menor manteria aquecido o setor", disse Décio Pedro Thomé, diretor de Varejo do Grupo Silvio Santos. A rede concluirá as negociações em outubro, e analisa fazer pedidos até 12% maiores ante 2008 de TVs de LCD, notebooks, máquinas digitais e celulares.

Indústria

Segundo a LG Eletronics, a demanda por itens da linha marrom, especialmente as TVs, superou de 20% a 25% as expectativas no terceiro trimestre, endossou Roberto Barboza, diretor Comercial. A empresa traçou perspectiva positiva, mesmo diante da crise, e "preparou-se " para atender uma eventual demanda para este semestre, tanto que está com produção "a todo vapor."Barboza confirma que o mercado está sem estoque: mesmo a produção tendo saltado 60% e atingido 1,4 milhão de unidades, foi totalmente comercializada.

Quase na reta do final do planejamento de compra para o período mais aquecido do ano, grandes varejistas de eletroeletrônicos do País temem a falta de televisores de LCD, cotados como o principal produto do Natal. Atualmente, as fabricantes estão entregando entre 60% e 80% dos pedidos, e esse percentual poderá aumentar se a demanda continuar alta.

Apenas a mineira Ricardo Eletro, formada por 260 estabelecimentos, estuda adquirir 30% mais televisores este ano, ante o ano passado. A expectativa de Rômulo Cunha, diretor de Compras da rede, é que seja normalizado o abastecimento e a disponibilidade de modelos para que as vendas continuem a todo vapor.

No mesmo contexto, Ubirajara Pasquotto, responsável pelo comando da Cybelar, acredita que "o fornecimento será normalizado até novembro, à medida que o preço do produto for caindo", uma vez que muitos de seus componentes são importados e a cotação da moeda norte-americana abaixou nos últimos meses. Os pedidos da rede paulista serão de 5% a 15% superiores a 2008. A estratégia da Lojas Cem para se sair melhor na queda-de-braço com a indústria é segurar os pedidos. O supervisor José Domingos Alves ressalta que não precisa de crédito: paga os fornecedores a vista para conseguir um melhor preço.

As Lojas do Baú Crediário prevêem encomenda 12% maior. Assim como os concorrentes, esperam que haja antecipação na compra dos itens de linha branca com o final da redução do IPI.Do lado da indústria, a LG Electronics disse que a demanda por televisores no terceiro trimestre superou as expectativas entre 20% e 25%. A empresa afirma que se preparou para atender ao aumento da demanda e que está com a produção "a todo vapor".

Fonte: DCI