segunda-feira, 6 de junho de 2011

Comércio eletrônico: homens compram mais pela internet

Eles desbancam as mulheres e lideram ranking do consumo via web

O mito da mulher gastadeira acaba de ir por água abaixo. Pelo menos quando o ambiente de compras é a internet, são os homens que lideram esse ranking, segundo dados apontados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no estudo Vendas on line no Brasil: Uma Análise do Perfil dos Usuários e da Oferta pelo Setor de Comércio, divulgado ontem. O estudo indica que 22% dos internautas do sexo masculino compraram pela internet em 2009, contra 17% das internautas do sexo feminino.

Na opinião do coordenador do curso de Comunicação e Marketing da Unifacs, professor Mateus Freire, o comportamento do consumidor na hora da compra foi o que determinou a liderança masculina no ranking de consumo pela internet.

“Para a mulher, fazer compras é uma espécie de ritual. Ela gosta de todo o processo de ir ao shopping, olhar as vitrines, manusear e experimentar o produto. E ainda aproveita para tomar um café, conversar com uma amiga. Comprar pela internet cumprindo todo esse ritual não é possível, pelo menos por enquanto”, explica.

Freire aponta que, no quesito compras, o homem é mais objetivo. “Para o homem basta ter a especificação técnica do produto e uma comparação de preços entre os sites. Ele não precisa ficar batendo perna até achar o produto que quer, nem precisa pegar fila em loja. Prefere a praticidade de comprar em casa, pagar com seu cartão, com muita comodidade e isso faz com que ele busque cada vez mais a compra pela internet ”.
Mateus Freire observa que também existe uma grande diferença entre os itens mais comprados por homens e por mulheres. “Por uma questão de convenção social, existe o estereótipo de que o homem entende mais de equipamentos eletrônicos do que a mulher. Por isso, muitas delas deixam a tarefa de comprar eletrônicos, eletrodomésticos e produtos de informática para os parceiros”.

Renda

Segundo o estudo do Ipea, em 2009 existiam 73 milhões de internautas no Brasil e 19% deles usaram a rede para adquirir produtos ou contratar serviços. O estudo define que o perfil predominante dos consumidores internautas é de pessoas com maior grau de escolaridade, com renda acima da média nacional e na faixa etária entre 25 e 59 anos.

Em relação à renda dos internautas, o estudo evidenciou que indivíduos com acesso à internet mais frequente em casa ou no trabalho possuem maior probabilidade de consumo on line em relação aos que acessam a internet de lan-houses ou telecentros.

A sondagem do Ipea mostra também que, entre 2003 e 2008, o total de empresas que abriram canais de venda pela web passou de 1.305 para 4.818, o que corresponde a apenas 0,4% do total das companhias varejistas.

A receita passou de R$ 2,4 bilhões para R$ 5,9 bilhões, aumento de 145%, mas ainda assim representa menos de 1% do total da receita do varejo brasileiro. “Esse processo de mudança está concentrado nas capitais e nas grandes cidades”, disse Luis Claudio Kubota, pesquisador do Ipea.

O comércio não especializado - hipermercados, supermercados, lojas de departamentos e mercearias, entre outros - responde por 24,7% do total das vendas on line e o de outros produtos em lojas especializadas, 73%.
O restante se enquadra no comércio de produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%) e de tecidos, artigos de armarinho, vestuário e calçados (2,1%).

Eletrodomésticos lideram vendas

Segundo estudo da empresa de comércio eletrônico e-bit, em 2010 foram faturados R$ 14,8 bilhões em vendas no comércio eletrônico brasileiro, um acréscimo de 40% ante os R$ 10,6 bilhões registrados em 2009. “Em 2010, foram registrados mais de 23 milhões de e-consumidores que fizeram, ao menos, uma compra on line até hoje, com 40 milhões de pedidos em todo o país”, diz a e-bit.

Desse total, aproximadamente 30% , o equivalente a R$ 4,5 bilhões, foi comercializado em períodos como Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal.

O valor médio das compras foi de R$ 373, e as categorias mais vendidas foram eletrodomésticos (14%), livros, assinaturas de revistas e jornais (12%), saúde, beleza e medicamentos (12%), informática (11%) e eletrônicos (7%).

Em relação às compras femininas, a e-bit apurou que o tíquete médio delas aumentou de R$ 240, em 2005, para R$ 314, em 2010, mas continua menor do que o tíquete médio dos homens, de R$ 425. No mesmo período, segundo a pesquisa, as mulheres internautas com mais de 50 anos passaram de 14% para 21%.

Fonte: Correio da Bahia