quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Colorida disputa mercado de 'fast fashion'

Os jovens empresários Danilo Kim e Gregory Habib sonham alto: querem fazer de A Colorida, marca de vestuário que criaram no ano passado, uma rede de "fast fashion" conhecida internacionalmente, capaz de incomodar as grandes cadeias que lhe serviram de inspiração, como Forever 21 e Zara. A rede tem 19 lojas próprias em São Paulo e em Santa Catarina e o plano é chegar a 100 pontos no país em 2015, com um investimento de R$ 25 milhões.

O projeto prevê que a maior parte dos recursos venha da geração de caixa dos novos pontos, segundo Habib. Com a expansão, o faturamento, que foi de R$ 30 milhões em 2013, deve crescer significativamente: para R$ 50 milhões este ano e para uma faixa entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões no ano que vem. Uma perspectiva ambiciosa considerando que as vendas do varejo de vestuário registraram queda de 0,7% em volume no primeiro semestre, em comparação com os seis primeiros meses de 2013, segundo dados do IBGE.


Mas os sócios procuram olhar para o outro lado do cenário: a economia desaquecida pode proporcionar boas negociações tanto no aluguel dos pontos quanto com fornecedores. Agora, por exemplo, estão fechando contratos que não impõem custo adicional em caso do fim da locação - o que facilita na hora de fechar uma unidade que não dá retorno.

Além disso, querem atender a demanda do consumidor por preço - que aumenta em tempos de orçamento apertado. Com roupas que custam em média R$ 40, a Colorida tem foco em mulheres de 20 a 35 anos, das classes B e C.

"As pessoas querem continuar comprando, mas não querem gastar R$ 150 numa blusinha", afirma Danilo Kim. Ele diz que a chegada ao país de grandes redes de "fast fashion" também ajudou a mudar a percepção da consumidora. "Agora pagar barato por uma peça legal dá prestígio."

Para oferecer preço competitivo, a estratégia prevê um forte controle de custos e a produção verticalizada da maior parte do portfólio. Embora tenha sido criada recentemente, A Colorida conta com uma estrutura de produção já estabelecida. É que o projeto foi desenvolvido a partir da reformulação dos negócios da família de Kim, que há mais de 30 anos trabalha no ramo têxtil.

Seu pai é dono da Huvispan, fábrica de fios e tecidos de Blumenau (SC), onde hoje 80% das peças da nova marca são feitas. "Assim conseguimos uma reposição rápida", diz Kim. "A fábrica é muito importante para nosso diferencial competitivo". Os negócios da família também incluíam uma loja de roupas no Bom Retiro, em São Paulo, que foi a primeira a ser convertida para a nova marca.

Pouco tempo depois, Kim chamou Habib para ajudá-lo a desenhar um modelo de gestão que impulsionasse o avanço no varejo. Os dois se conheceram na faculdade de administração no Insper, de São Paulo, e já haviam desenvolvido alguns projetos juntos. Gregory Habib é filho de Sérgio Habib, empresário do setor automotivo que trouxe a chinesa JAC Motors para o país. Ele adquiriu experiência no varejo trabalhando nas concessionárias do pai, mas queria dedicar-se ao próprio negócio.

Dos 19 pontos da Colorida, 11 estão no Brás e no Bom Retiro, bairros que concentram o varejo e o atacado de moda popular em São Paulo e atraem consumidores e lojistas de todo o país. "O mercado do Brás e do Bom Retiro é muito forte", diz Habib. O próximo passo é ir para shoppings focados nas classes B e C no mercado paulista e em outros Estados.

Pensar grande foi uma recomendação que Kim recebeu do fundador da rede americana Forever 21, Do Won Chang, em um jantar oferecido ao empresário pela comunidade coreana no Brasil em 2012. "Ele me disse que é preciso ser muito ambicioso e competitivo [para alcançar sucesso semelhante ao dele, que tem cerca de 600 lojas no mundo]", diz. Os sócios seguem o conselho: querem colocar um pé no exterior já em 2016, após atingir cerca de 200 lojas no Brasil.

Fonte: Valor Economico