terça-feira, 4 de agosto de 2015

Vendas no varejo caem 5,3% em julho em SP, informa Associação Comercial

É o quarto mês seguido de queda na cidade; "roda da economia está girando para trás", diz presidente da ACSP


O Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou queda média de 5,3% no movimento de vendas no comércio da capital paulista em julho, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Isoladamente, as vendas a prazo e à vista tiveram recuos de 5,5% e de 5,1%, respectivamente. No acumulado do ano, o varejo paulistano já apresenta retração média de 4,1% (-3,7% a prazo e -4,5% à vista).

De acordo com Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo), o desempenho das vendas - sobretudo a prazo - pode ser explicado pela alta dos juros e pela maior restrição ao crédito.

"A roda da economia está girando para trás. Para combater a inflação, o Banco Central continuou a subir a taxa de juros. Com isso, o crédito e a produção ficam mais caros, as vendas são afetadas e o desemprego é alimentado, derrubando a confiança do consumidor. Resultado: as pessoas compram cada vez menos. Entramos, assim, num círculo vicioso", analisa Burti.

Julho é o quarto mês seguido de queda, segundo o Balanço de Vendas. Em 2015, o único mês que apresentou saldo positivo foi março. A explicação é o efeito-calendário: em março de 2014 foi realizado o Carnaval, enfraquecendo a base de comparação.

Comparação mensal

Também em razão de efeito-calendário positivo - dois dias úteis a mais - as vendas avançaram em média 4,6% em julho sobre o mês anterior (+1,1% a crédito e +8,1% à vista).

Inadimplência

O Indicador de Registro de Inadimplentes (IRI) do Balanço de Vendas da ACSP de julho mostra queda de 4,9% na comparação interanual. No acumulado do ano, o encolhimento já é de 7,8%. É importante ressaltar que o indicador mede apenas as dívidas de boletos no crediário, sem contabilizar débitos bancários nem dívidas com tarifas públicas (luz, água) e outros serviços.

Já o Indicador de Recuperação de Crédito (IRC), que mensura o cancelamento de dívidas - ou seja, quem sai da inadimplência - aponta diminuição de 8,8% em julho ante julho do ano passado. No acumulado de 2015, o recuo foi de 10,6%.

Segundo Alencar Burti, as quedas tanto na quantidade de inadimplentes quanto no número de pessoas que conseguem sair da inadimplência é reflexo do atual momento da economia. "A inadimplência está caindo porque as pessoas não estão comprando. Ao mesmo tempo, quem já estava endividado não consegue sair da inadimplência, porque não tem mais sobras no orçamento para quitar ou renegociar esses débitos", explica ele.

Segundo o presidente da ACSP, essa dificuldade de sair da inadimplência deve-se, em grande parte, ao aumento do desemprego, à alta na inflação dos alimentos e à elevação da taxa de luz, prejudicando pesadamente a renda das famílias. "Em outras palavras, mercado e consumidor estão se ajustando à nova realidade. É o que o governo também deveria fazer, ajustando seus gastos".
O Balanço de Vendas da ACSP é elaborado com base em amostra fornecida pela Boa Vista Serviços.