sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Estudo do BCG detalha quatro frentes para que as empresas brasileiras aumentem seu retorno

Estudo do The Boston Consulting Group (BCG) aponta que empresas devem agir agressivamente para aumentar sua eficiência organizacional, comercial, operacional e de capital para elevarem seus lucros e também para estarem prontas para quando a economia do Brasil voltar a crescer


Para superar os obstáculos atuais, gerar significativo valor aos acionistas e aumentar as receitas, as empresas brasileiras devem agir agressivamente para aumentar a eficiência em todos os níveis da corporação. É o que afirma o estudo do The Boston Consulting Group.

De acordo com o relatório, intitulado “Gerando Valor no Ambiente de Estagnação do Brasil”, as companhias devem remodelar sua estratégia comercial de modo a dedicar mais tempo aos clientes e reduzir as tarefas burocráticas. Suas operações devem ser mais efetivas e a suas estruturas organizacionais simplificadas e racionalizadas. Além disso, aponta o estudo, as empresas devem criar mais acordos para terem retornos rápidos nas suas cadeias de suprimentos e também garantir que seus investimentos serão realizados da melhor maneira.

“Não é fácil migrar e implementar um modelo focado em produtividade. Isso normalmente implica em uma grande mudança cultural e em uma completa transformação da organização. Esse é um esforço que demandará energia de todos os funcionários, não apenas da liderança”, destaca Masao Ukon, sócio do BCG e um dos autores do estudo.

Em oposição a países como China, Índia e Coreia do Sul em que a produtividade conduziu o crescimento do PIB na última década, no Brasil, a média salarial e o número de empregos cresceram em proporção muito maior do que a produtividade. Esta foi uma das razões que levaram o Brasil a um explosivo crescimento no consumo na última década, o que ajudou as empresas a terem altas receitas, bom retorno aos acionistas e elevados padrões de qualidade de vida para os brasileiros.

Essa situação mudou. O que levou o Brasil a crescer tornou-se um vício. O crescimento econômico estagnou. As finanças e os investimentos públicos se deterioraram e o consumo da população despencou. “As companhias precisam se reinventar já que não podem mais contar com um alto número de vendas e crédito fácil”, ressalta Joaquim Côrtes, diretor do BCG e um dos autores do estudo.

Mesmo com crescimento econômico, a análise do BCG mostra que em média as empresas listadas na Bovespa entregaram retorno negativo de 4,6% aos acionistas entre 2010 a 2014. “Isso ocorreu porque as margens se deterioraram significativamente, com o aumento dos custos com mão-de-obra, excedente de capacidade em várias indústrias e uma perda de competitividade”, explica Joaquim.

Para aumentar a competividade e voltar ao crescimento sustentável quando o país se recuperar, o estudo do BCG aponta quatro alavancas para que as companhias aumentem seus rendimentos: Eficiência Organizacional, Eficiência Operacional, Eficiência Comercial e Eficiência de Capital.

• Eficiência Organizacional – Para melhorar a eficiência organizacional, o relatório aponta que as empresas devem simplificar a organização, reduzir a sobreposição de trabalho, revisar o escopo e os níveis de trabalho. De acordo com o estudo, muitas empresas no Brasil deram pouca importância para a sua estrutura gerencial, o que resultou em profissionais se dedicando a tarefas redundantes. “Existem casos em que gerentes têm menos de três pessoas reportando a eles”, afirma Masao. “Em empresas eficientes, um gerente pode ter de 6 a 10 subordinados, ou até mais.”

• Eficiência Operacional – Uma economia que está em queda encoraja empresas a serem mais produtivas, simplificando suas operações e implementando rigorosos controles. O relatório aponta que as companhias operando no Brasil devem melhorar suas práticas de compras, redesenhar a sua forma de trabalho, investir em automação e aperfeiçoar a área de supply-chain. “É essencial capacitar os trabalhadores, estabelecer KPIs para mensurar eficiência de custos e de produção”, afirma Jean Le Corre, sócio do BCG. “Na nossa pesquisa, vimos casos de empresas que tinham diversas estações de trabalho com muita ociosidade entre os trabalhadores e muitos deles eram insuficientemente treinados para o cargo”.

• Eficiência Comercial – Quando a economia está em crescimento, é mais fácil surfar a boa onda. Já em momentos como o atual, de acordo com o relatório, é preciso aumentar a eficiência comercial por meio da melhoria da efetividade da força de vendas, aperfeiçoar os investimentos em marketing, rever as estratégias de precificação e redesenhar os mercados de distribuição. “Identificamos empresas em que a equipe de vendas gastava muito mais tempo realizando tarefas administrativas do que lidando com os clientes. Para piorar, levava-se muito tempo para o cliente receber a mercadoria, pois o processo era falho”, detalha Masao. “Isso prejudica o número de vendas e ainda frustra o cliente que tem que esperar muito tempo para receber o seu pedido”.

• Eficiência de Capital – Na época em que o país estava em pleno crescimento, muitas empresas apostaram em investimentos que não foram produtivos. Agora, com a taxa de juros mais alta e com disponibilidade de crédito mais escasso, empresas devem achar saídas para reduzir seu capital de giro e fazer melhor uso dos seus gastos de capital e ativos fixos. “Um caso de sucesso identificado por nós foi uma empresa de Telecom no Brasil que usou o big data para analisar em quais microrregiões ela deveria priorizar os investimentos para maximizar os retornos”, exemplifica Joaquim.

Sobre o The Boston Consulting Group
O The Boston Consulting Group (BCG) é uma empresa de consultoria de gestão global e líder mundial em estratégia de negócios. Fazemos parcerias com clientes em todos os setores e regiões do mundo para identificar as oportunidades que mais geram valor, abordar os desafios mais importantes e transformar o negócio de nossos clientes. Nossa abordagem personalizada combina um amplo entendimento da dinâmica das empresas e mercados, em colaboração com todos os níveis da empresa de nosso cliente. Criado em 1963, o BCG é uma empresa privada, com 82 escritórios em 46 países. Para mais informações, acesse www.bcg.com