segunda-feira, 23 de maio de 2016

Os significados do novo conceito Apple

por Marcos Gouvêa de Souza*

O formato que a Apple acaba de inaugurar na emblemática Union Square, em São Francisco (EUA), é muito mais do que uma loja e igualmente repleta de simbolismos envolvendo sua proposta que, como tudo que a empresa lança, deveria ser entendido.

Em primeiro lugar, a própria localização, numa área-destino em São Francisco na Califórnia, se tornou referência global no mundo digital, substituindo uma antiga loja poucas quadras distante na Stockton Street, fechada um dia antes da abertura da nova loja. Uma localização icônica, integrada num espaço urbano diferenciado para uma marca idem.

Marcos Gouvêa de Souza
As inovações da nova proposta vão muito além da ideia de um novo projeto de loja, pois incluem uma visão ambiciosa tornada realidade da transformação de antigos pontos de vendas em um espaço destinado ao relacionamento da marca com seus consumidores, interação, informação, experiências, serviços, entretenimento, lazer e até venda de produtos.

Definitivamente tentar avaliar o desempenho dessa unidade por suas vendas ou lucro por m² poderá ser subestimar sua importância, pois já antes da abertura, seguindo as mesmas práticas usadas no lançmento de seus produtos, o novo conceito se transformou em notícia no mundo todo por suas propostas.

Dentre elas, a ideia da The Avenue, espaço central onde os seus funcionários, identificados como “Creative Pros”, ajudam os visitantes, não necessariamente consumidores neste momento, a esclarecer dúvidas, encontrar informações e relacionarem-se com a marca, seus produtos e serviços.

Um elemento que tem sido menos divulgado, e que está tratado de forma diferenciada nessa unidade, é a área de serviços oferecidos, pagos ou não, para o mundo empresarial. Na loja que acaba de ser inaugurada existe um espaço, Boardroom, destinado a cursos, palestras e apresentações para esse segmento empresarial.





É importante lembrar que a Apple foi uma das precursoras na venda de serviços no varejo com seus diferentes programas com diversas alternativas de contratação que permitem a contratação de pacotes de serviços que vão de informação, atualização e manutenção de equipamentos a aulas e consultoria.

Especialmente para empresas individuais ou de pequeno e médio porte nessa loja está criado e batizado um espaço específico para ampliar essa oferta de serviços.

Outra importante inovação conceitual, em linha com sua proposta de produtos, é o The Forum, espaço onde artistas, fotógrafos, músicos e gamers, entre outros, poderão mostrar seu trabalho, relacionando-se diretamente com o público e criando um ambiente de interação e informação e valorizando sua característica de espaço-destino onde até se pode comprar produtos e serviços da marca.

O antigo, porém inovador conceito do Genius Bar, área de orientação para clientes, foi reinventado e se transformou no Genius Grove, espaço agora arborizado e com um ambiente ainda mais agradável onde, com hora marcada, em grandes mesas, os especialistas, os Genius, poderão esclarecer dúvidas.

É o avanço do antigo conceito de loja para um ponto de permanente de interação e atualização sobre a marca, produtos e serviços.

Talvez a mais ambiciosa proposta do novo conceito em linha com sua visão de um espaço diferenciado, seja o The Plaza, um espaço no fundo da loja, com entrada independente, totalmente arborizado, aberto 24/7 e com wi-gratuito e onde foi mantida uma fonte de uma escultora local, Ruth Asawa, existente desde 1969, que foi parte do acordo para a autorização de transformação desse espaço. Nessa área também poderão acontecer os Today at Apple, com apresentações artísticas e musicais, criando um espaço de convívio, atualização e entretenimento.

Ao lançar esse novo conceito em São Francisco a Apple está mais uma vez avançando em suas propostas e associando a marca a tudo que é inovador e disruptivo, agora em loja física e, da mesma forma como sempre faz na área de produtos e serviços, estabelece novos paradigmas que se transformam imediatamente em benchmarking global.

(*) Marcos Gouvêa de Souza é diretor-geral do Grupo GS&.