segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Se não há mercadoria, não há vendas!

Por Viktor Ljubtschenko

Não é fácil ser varejista.

Em um mundo onde há tantas dificuldades impostas pelo mercado e pelo governo, o que não precisamos é de mais dificuldades com nossos parceiros de negócios.

Veja só:

Hoje já temos entre outras questões que nos desfavorecem, desde o trânsito das grandes capitais, emperrando as entregas, e até mesmo as limitações sobre os mezaninos de loja impostas pelas prefeituras.

Por uma questão macro financeiras, todo varejista busca trabalhar com estoques reduzidos, onde faz se necessária a reposição constante de mercadorias.

Ljubtschenko, da Any Any
Como evitar a ruptura nesses casos? Como trabalhar, sendo que em nosso concorrido mercado, temos que brigar inclusive contra o varejo eletrônico na preferência dos consumidores.

Os shoppings determinam de maneira geral que qualquer entrega seja feita até 10h, normalmente o horário de abertura aos clientes. Dessa forma, o lojista pode repor seus estoques somente uma vez por dia.

Eu acredito que essa seja uma determinação equivocada em termos comerciais, pois infelizmente também traz consigo rupturas por conta dos estoques reduzidos trabalhados pela maioria dos lojistas, o que significa perdas para as pequenas e médias redes, ou talvez, para todos.

Mesmo em tempos modernos, onde falamos de integração de canais, omnichannel e operações de logística do tipo “just-in-time”, não há nenhum tipo de logística de reposição para lojas de shopping. Não há nada direcionado para esse fim, como um carro para um shopping específico, por exemplo.

A situação é ainda mais agravante em lojas do interior, onde em alguns casos, as mercadorias chegam apenas uma vez por semana!

Para se ter uma ideia, esse tipo de perda, causada pela ruptura e a má velocidade de reposição, tem representado cerca de 10 a 15% do faturamento das lojas todos os meses.

Não é preciso dizer que se não há mercadoria, não há vendas. Há hoje muitos exemplos que começam a brotar como ótimas opções nesse caso. Há shoppings que começar a trabalhar com “bolsas de reposição”, que conseguem ao menos, minimizar o impacto da “reposição diária única”.

Fazer com que as lojas se adaptem somente às regras do shopping é prejudicar o cliente. É necessário que o shopping compreenda a situação do lojista e adapte-se não apenas por uma questão de negócios entre seu empreendimento e seu parceiro comercial, mas principalmente, para atender seus clientes.

Há gente mudando, mas falta coragem ainda para alguns administradores mudar de postura.

Viktor Ljubtschenko é sócio-proprietário da rede de lojas Any Any.