terça-feira, 11 de outubro de 2016

Dia das Crianças: Presentes estão abaixo da inflação e consumidor pretende gastar menos

Professor da IBE-FGV, Murilo Alambert, analisa condições como ajuste natural da economia que sinalizam melhora das condições

A variação média dos produtos e serviços mais procurados para a celebração do Dia das Crianças foi de 7,19%. O resultado ficou abaixo da inflação acumulada entre outubro de 2015 e setembro de 2016, que foi de 8,10%, de acordo com o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), calculado pelo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Já a sondagem sobre as perspectivas de compra de presentes mostrou que o brasileiro pretende gastar menos neste ano. O indicador que mede o ímpeto de gastos com presentes manteve a trajetória de queda iniciada em 2014, ao atingir 59,3 pontos, o menor valor da série. A proporção dos que pretendem reduzir em relação ao ano anterior aumentou de 41,1% para 44,9%, enquanto o nível dos que pretendem gastar mais manteve-se estável.

Para o professor de Economia da IBE-FGV, Murilo Alambert, os dados refletem um ajuste natural, sinalizam uma melhora das condições econômicas e não são nenhuma surpresa. “Em processo recessivo e com o desemprego em alta, mesmo quem tem emprego, começa a cortar todas as despesas discricionárias. Ou seja, tira do orçamento tudo o que ele pode tirar. Com pouca demanda, os preços caem. É natural. Ajustando-se naturalmente, o Banco Central também ganha fôlego para fazer seus ajustes como da taxa de juros”, explica.

O especialista ainda analisa a situação como “propícia para um cenário melhor à frente” e diz que se o governo alinhar as ações ao discurso, com corte de gastos públicos, reforma previdenciária e recuperação da capacidade de investimento, as perspectivas serão muito favoráveis a médio prazo.

Preços

A análise por grupo de despesa revela que nenhum superou a inflação média. A variação dos preços das “despesas com lazer” apresentou alta de 7,38%. Neste grupo, a maior taxa foi verificada para salas de espetáculo como cinema, show e teatro (13,56%) e, a menor, para excursão e tour (0,58%).

Já para o grupo “despesas com presentes”, cuja alta média dos preços foi de 7,51%, a maior alta foi registrada para bicicleta (13,26%) e, a menor, para vídeo games (1,73%). Por fim, nas “despesas com vestuário”, os preços registraram o menor avanço nos últimos 12 meses (4,11%). As roupas infantis subiram 3,96% e, os calçados, 4,55%.