sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Confiança dos Consumidores demonstra pessimismo com o atual cenário econômico, mostram SPC Brasil e CNDL

Corrupção e incompetência dos governos são as principais razões para o pessimismo com a economia. Alto custo de vida é o que mais pesa na vida de 59% dos brasileiros. Perspectivas sobre a vida financeira puxam as expectativas para os próximos 6 meses para cima

Não há otimismo que resista à sequência de más notícias que assolam o país há pelo menos dois anos. A desaceleração da economia brasileira e o receio de piora na situação ainda afetam a confiança dos brasileiros. Os dados do novo Indicador de Confiança do Consumidor (ICC), medido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), registraram 41,9 pontos em janeiro de 2017. O resultado, abaixo do nível neutro de 50 pontos, reflete principalmente a má avaliação que os consumidores fazem do momento atual da economia.

Para especialistas do SPC Brasil e da CNDL, a medição da confiança permite antecipar a propensão para o consumo, investimento e, consequentemente, os rumos da economia. “Em tempos de retração do consumo e incertezas sobre o futuro, os dados podem ser especialmente interessantes para o varejo nacional. Além de mensurar a avaliação que os consumidores fazem do passado e do futuro, tanto da economia como de sua própria vida financeira, a sondagem buscará estabelecer as razões conjunturais que os levaram a se posicionar entre o pessimismo e o otimismo”, explica o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

O Indicador de Confiança do Consumidor tem uma escala que varia de zero a 100 pontos. Quando abaixo de 50 pontos, mostra que o pessimismo predomina entre os consumidores; quando acima dos 50, mostra predomínio do otimismo. O Indicador é medido em quatro dimensões: tanto para a economia quanto para a própria vida financeira, o consumidor avalia o momento atual e diz o que espera para os próximos seis meses.


Para 48% dos consumidores que avaliam a economia como ruim, a corrupção é a principal causa

O Subindicador de Percepção do Cenário Atual mede a percepção do consumidor sobre a economia e a sua vida financeira no momento da pesquisa. Em janeiro, registrou 29,6 pontos - abaixo do nível neutro, o dado mostra que os consumidores avaliam muito mal o momento presente.

“É preciso destacar, porém, que há grande diferença entre avaliação que os consumidores fazem da economia e da própria vida financeira”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Na avaliação do desempenho da economia, o indicador atingiu 18,1 pontos; já na avaliação da vida financeira, atingiu mais do que o dobro (41,0 pontos). “Em suma, o momento atual é ruim para a economia e isso afeta a vida financeira dos consumidores. Porém, a percepção de deterioração da economia é mais acentuada do que na vida pessoal”, avalia.

Em termos percentuais, 83% enxergam que as condições econômicas são ruins, ante apenas 1% que consideram ser boas. Para 15%, o quadro econômico atual é regular. Entre os que fazem uma avaliação negativa do estado da economia brasileira, quase metade (48%) identifica a corrupção como a principal causa da má situação. Há também 41% que apontam os sintomas da crise: 25% dizem que o desemprego está alto e 16% dizem que os preços em geral subiram.

Quanto à própria vida financeira no momento atual, 39% dos entrevistados fazem uma avaliação negativa. Os que a consideram regular constituem maioria, alcançando quase metade da amostra (46%), enquanto 14% a consideram boa. Entre os que avaliam mal a vida financeira, 35% apontam o desemprego como a causa principal. Em seguida, 32% dizem estar com dificuldades para pagar as contas e com o orçamento apertado; 14% apontam a queda da renda familiar, que levou à redução do consumo, e 11% dizem estar atrasando o pagamento de dívidas.

Perspectivas sobre a vida financeira puxam as expectativas para cima

A percepção dos consumidores sobre como serão os próximos seis meses para a economia e para sua vida financeira também foi analisada e ficaram em patamar acima das condições atuais. Em janeiro, o Subindicador de Expectativas registrou 54,2 pontos, acima do nível neutro e puxado pelas perspectivas que os consumidores têm sobre a própria vida financeira. Nesse quesito, o dado alcançou 63,2 pontos. Já no quesito da economia, os consumidores mostraram-se mais cautelosos e as expectativas marcaram 45,1 pontos. Segundo a economista-chefe, o resultado mostra que, apesar de estarem diante de uma situação claramente ruim, os consumidores demonstram certo otimismo quando se trata do futuro, na comparação com o presente, e de maior otimismo quando se trata da condição pessoal, na comparação com a economia.

Em termos percentuais, a maioria relativa (38%) diz não estar nem pessimista nem otimista com o futuro da economia. Já os pessimistas somam 36% e os otimistas, 22%. Para justificar o pessimismo com os próximos seis meses da economia, mais uma vez a questão da desconfiança com a representação política aparece: 54% desses entrevistados citam a corrupção, a incompetência dos governantes e a falta de punição dos políticos como a principal razão de seu desalento. Para 16%, o aumento do desemprego é o que explica seu pessimismo e para 10%, a percepção de que a inflação continuará subindo.

Já entre os otimistas com a economia, metade (50%) não sabe dizer as razões de seu otimismo: apenas diz acreditar que coisas boas irão acontecer. Em seguida, 20% acreditam que o pior momento da crise passou e 9% concordam com as medidas econômicas que estão sendo adotadas. Há ainda 9% que citam a percepção de que os preços pararam de aumentar.

Já quando se trata das expectativas com a vida financeira, 59% diz estar otimista. Um quarto (25,5%) diz não estar nem otimista nem pessimista e 14% têm expectativas ruins ou muito ruins.


Alto custo de vida é o que mais pesa na vida de 59% dos brasileiros

O Indicador de Confiança do Consumidor também investigou os reflexos da Conjuntura Econômica na vida dos brasileiros. Os dados mostram que o que mais pesa na vida dos brasileiros é o custo de vida, citado por 59%. Comumente ouvida, a expressão “custo de vida” traduz a dificuldade de se manter o padrão de consumo. O desemprego aparece em seguida, com 19% das menções, seguido pelo endividamento, mencionado por 10%.

Se o custo de vida incomoda, é nos supermercados que os consumidores mais percebem o aumento dos preços: 62% têm essa percepção na comparação com dezembro. Há também 55% que sentiram aumento nas contas de energia elétrica. Nas tarifas de telefone, preço de roupas e de itens de bares e restaurante, essa percepção foi menos acentuada.

Metodologia

Foram entrevistados 801 consumidores, a respeito de quatro questões principais: 1) a avaliação dos consumidores sobre o momento atual da economia; 2) a avaliação sobre a própria vida financeira; 3) a percepção sobre o futuro da economia e 4) a percepção sobre o futuro da própria vida financeira. O Indicador e suas aberturas mostram que há confiança quando os pontos estiverem acima do nível neutro de 50 pontos. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica falta de confiança.

Baixe a análise do Indicador de Confiança do Consumidor no link:
https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos