quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O iceberg político das eleições


Sei que minha praia é o varejo e o mundo dos negócios, mas é impossível não falar de negócios sem acompanhar o dia-a-dia político. O Brasil precisa que o cenário se estabilize de vez, com pelo menos uma definição de quem concorre ou não, para que possamos ao mesmo ter algum norte em termos de retomada de investimento e ações.

Claro, tem sempre muita gente ganhando com a instabilidade...

De tudo o que possível ver, ler e ouvir até agora sobre eleições, dentro do contexto de que em politica normalmente a gente só consegue ver a ponta do iceberg, eu acredito que o real cenário das próximas eleições é esse:

Um PT teimoso em manter Lula candidato? Nada disso. O grande objetivo do PT pode ser apenas sair dessas eleições ainda como o maior partido de esquerda desse país. Com as maiores chances de esquerda centradas em Ciro Gomes, uma eventual vitória levaria o PDT ao posto máximo do país.
A recente “manobra” do PT com PSB, além do adiamento com demais alianças, só confirma a tese de que no xadrez político, estão usando os peões para encurralar e aniquilar o rei (por favor, apenas como metáfora...rs).

Mas e dentro do PT? O próprio adiamento ao máximo em se apontar um vice, mostra que o PT não quer que ninguém que possa ter chances de fazer sombra à Lula. O candidato à vice e à candidata agora colocada como vice candidata à vice só mostra isso de maneira cada vez mais nítida.

Minha teoria é que a cúpula do PT já entende que essa eleição está morta ao partido. A “luta” é apenas encenação, mantendo em fogo brando o eleitorado de sempre. A ideia é tornar Lula cada vez mais um mártir, já cientes que nenhuma manobra que poderia favorecer o ex-presidente será feita antes das eleições. O objetivo é trabalhar os próximos anos para tentar uma candidatura nas próximas eleições presidenciais. Algo que, em tese, e se nada acontecer, já teria um começo com cerca de 30% do eleitorado.

E não importa quem vença, é certo que será um governo apertado, restrito, necessitando de reformas cada vez menos ao agrado popular, pode fortalecer ainda mais qualquer força contrária no futuro, principalmente se o torniquete econômico que será necessário não apresentar no curto prazo qualquer efeito de crescimento ou retomada.

E a direita, ou o centro? É fato que se Bolsonaro consegue liderar os quadros hoje (sem Lula como candidato), o que se diz em bastidores é que ele será facilmente desconstruído ao longo da campanha, assim como todos irão mirá-lo em campanha. Já há quem diz que ele é um bom articulador, mas a maioria diz que o peixe está morrendo pela própria boca, com muito argumento, mas pouco projeto. Aliás, um dos erros também de Ciro, que com “menos opiniões”, talvez figurasse com alguma possibilidade de maior agrado popular ou vitória.

Há quem diz que a única diferença entre Ciro e Bolsonaro é que Bolsonaro fosse um louco, pelo menos seria um louco conhecido. Ciro para muitos, se transformará quando chegar ao poder, e é aí que talvez ele perca tantos votos.

Embora algo que seja considerado “jogo sujo”, ou “velha política” pela maioria, o excesso de “alianças” buscado por Alckmin vai lhe proporcionar uma gigantesca vantagem em relação aos demais no horário político disponível. Vai depender de tudo que será feito ou apresentado, ou até mesmo a performance do mesmo em debates, mas as condições à uma subida são consideráveis.

E Marina? Acredito que se em alguns casos o peixe morreu pela boca, no caso dela, o peixe morreu por não ter boca. Desde o impeachment, quando perguntada e sempre resistente em dar uma opinião, o cuidado em falar algo foi tão grande, que sua voz foi sumindo, sumindo, sumindo, e quando se fez falar, acrescentou muito pouco. Em suma, talvez nem berrando hoje se faça ouvida.

Os demais candidatos, a não ser que haja uma significativa virada no jogo, não acredito que chegam a um provável segundo turno.

O mais triste, não é comprovar o circo que normalmente acontece em época de eleições, a troca de favores, as alianças, a politicagem. O mais triste é o Brasil não ter de fato um bom candidato que possa mudar o jogo, e a tristeza de que “um desses aí”, vai acabar levando a faixa.

[Atualização - 10/08/2018] - Talvez manter Lula como imagem seja a estratégia petista para fortalecer campanhas a Governador, Senador e Deputados, que preferem imagem ligada a Lula, do que a Haddad, com pouco apelo.


Um grande abraço e boas vendas

Caio Camargo
Falando de Varejo
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