sexta-feira, 11 de julho de 2008

Store-in-store e setorizações


Já ouviu falar de store-in-store? O conceito ao pé da letra significa loja na loja, ou seja, uma loja funcionando dentro de uma loja.

É comum encontrarmos em algumas lojas, por exemplo, uma loja de brinquedos, um espaço dedicado à uma determinada marca ou tipo de brinquedos. Há alguns anos atrás, a Disney desenvolveu esse conceito dentro de algumas lojas no Brasil, criando verdadeiros espaços de fantasia para a garotada. A garotada se encanta, interage, se diverte e por conseqüência, os pais, receosos do choro dos filhos, acabam por comprar mais.

Até pouco tempo atrás, o que se via era sempre a representação de uma marca dentro do conceito de uma loja. Durante anos, o store-in-store fazia parte das estratégias de marketing e merchandising dos fabricantes apenas. Varejistas viam esses espaços de exclusividade apenas como uma operação para gerar maiores lucros, locações, melhores negociações, etc.

De uns tempos para cá, esse cenário vem cada vez mais se transformando. Estamos assistindo a uma revolução desse conceito. Os próprios varejistas passaram a enxergar o conceito de store-in-store, não apenas para gerar maiores lucros em determinados setores, mas também para criarem oportunidades de inserção de novas categorias, e até de departamentos por inteiro.

Caso claro disso vem dos supermercados: O wal-mart hoje é o maior vendedor de vestuários do mercado norte-americano. O consumidor se habituou a comprar roupas, casuais ou não, dentro do mesmo espaço onde compra os mantimentos para o mês.

Mas e no mercado brasileiro ? Comprar cuecas, meias, ou até mesmo chinelos, não é nenhuma novidade no mercado brasileiro, mas como criar o conceito de comprar vestuário, até mesmo para trabalho ou o passeio do final de semana ?

Todo mundo adora comprar roupa em lojas de shopping ou similares. As grandes marcas funcionam como status social. Vestir roupas de marca x ou y por muitas vezes, auxiliam o individuo a se sentir confortável em seu meio social.

Agora, quem compraria uma calça jeans em uma loja Extra ou Carrefour e sairia propagandeando por aí: gostou da minha calça? Comprei no Carrefour!

O primeiro passo para quebrar a barreira de comprar roupas em um supermercado foi o de criar o conceito de “se esquecer completamente que se está em um supermercado”.

Gôndolas altas bem posicionadas, limitam a altura dos olhos, dando como única visão ao cliente, peças de vestuário. O próprio piso da loja passa a possuir um revestimento diferente, muitas vezes em carpete de madeira, buscando criar valor onde se está pisando.

Provadores, araras diferenciadas e imagens humanizadas dão o clima final, criando a percepção de valor do produto.

E falando de produto, obviamente, nunca se iniciaria a venda de produtos de vestuário de supermercado apostando na venda de ternos ou vestidos de festa. A idéia é, uma vez que já é assimilada pelo mercado a compra de peças de vestuário básicas, continuar a cadeia de compra, oferecendo calças jeans, camisas casuais, jaquetas em épocas de inverno. Peças que compõe um visual básico, porém inteligente.

Mas somente apostando na qualidade de um produto é que podemos apostas na longevidade de compra, na criação de valor por parte de cliente. Quando ele “aprende” que comprar roupas em supermercado é um bom negócio, dificilmente deixará de comprar.

Não importa em que tipo de varejo você trabalhe, mesmo que limitado à apenas uma categoria, entre na loja, respire fundo e pense: onde é que eu preciso destacar meu produto? Onde é que meu cliente precisa ser “educado” a comprar? O limite entre uma venda com sucesso ou fracasso de um novo produto pode estar na resposta dessa questão.

Acredita que tudo isso acima não vale a pena ? Pense: Há alguns anos atrás, você pensaria em comprar televisores, geladeiras ou computadores em um supermercado? Você foi educado.