quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Dúvidas de leitores: História do varejo de construção no Brasil

Pergunta enviada por Marcelo Costa, de Curitiba (PR)

Meu nome é Marcelo, estou fazendo o curso de pós graduação em gestão empresarial na UFPR de Curitiba. Estou fazendo um trabalho sobre materiais de construção, e gostaria de saber se você tem o conceito de "home center" e algum histórico sobre a chegada delas no Brasil.

Desde já agradeço.

"O importante da educação não é apenas formar um mercado de trabalho, mas formar uma nação, com gente capaz de pensar." (José Arthur Giannotti) - vou deixar a frase - ótima ! Aliás, vou deixar essa frase no rodapé do blog - permanentemente.

Atenciosamente
Marcelo Costa

Olá Marcelo.

Sim ! Tenho esse conceito

A história completa desse varejo você vai encontrar no livro “Comércio de Materiais de Construção – Fatores de Progresso”, de autoria de Geraldo Hélio Guimarães Amorim. Esse livro foi editado numa parceria promocional entre a Anamaco e a Deca, datado de , e acredito que é uma das raras publicações a respeito. Eu recomendo você tentar contatar a Deca ou a própria Anamaco (www.anamaco.com.br), para tentar ao menos, algum scan desse capítulo.

De forma resumida, posso colocar da seguinte forma para você:

Acredito que você já deve ter visto na Internet, que o conceito de auto-serviço chegou no Brasil, por volta dos anos 50, com a implantação do supermercado PEG & PAG. O conceito nasceu nos EUA, na década de 30, com o supermercado King Cullen. O conceito só foi chegar no varejo de construção, no final dos anos 60. Durante esse período, nosso mercado se dividiu da seguinte forma:

Até a 2ª Guerra Mundial

Pequenos –Profissionais que vendiam algum produto em especial, como calheiros e encanadores que trabalhavam “em casa”, revendendo seus produtos e serviços
Médios – Especializados em um segmento, tal como a CASA DA BÓIA, um dos mais antigos do Brasil.
Atacadistas – Grandes quantidades, mas somente de uma marca. Eram praticamente um canal direto, industria - consumidor final.

Após 2ª Guerra Mundial – Alterações conforme o crescimento da industria nacional, o boom da expansão no Brasil.

Lojas se diferenciavam apenas pelo tamanho, oferecendo o mesmo mix. Haviam lojas pequenas, grandes, mas nenhuma oferecia nenhum diferencial.
Lojas com balcão de atendimento em formato de “U” – No centro dessas começam a expor produtos como louças – é o nascimento da exposição do tipo show-room.

Até então, o atendimento era quase que por completo via balcão

Em 1968 (apenas em 68 !!! Depois de quase 20 anos de implantação do auto-serviço no país)

A Uemura Materiais para Construção, é a primeira empresa do setor a implantar o conceito.
Lançam o auto-serviço dentro do varejo de construção, e por conseqüência, do home-center, oriundo dos supermercadistas.
A loja inteira funciona como uma grande vitrine. É possível visualizar todos os produtos comercializados facilmente.

Ainda a saber:

A questão balcão x auto-serviço ainda é vista com receio por grande parte dos varejistas, principalmente os pequenos.
Mesmo na região Sudeste e Sul, principalmente nas cidades do interior, o conceito de balcão ainda é muito forte e encontra muita resistência.
Para muitos lojistas, um dos maiores entraves, além da questão cultural, é o risco em relação à pequenos furtos.Há diversos estudos que mostram que a exposição de produtos aumenta tanto as vendas que compensa qualquer tipo de perdas em relação à pequenos furtos.

O maior choque, e o qual eu dou razão, é em função da questão cultural.

Que a loja fica melhor, mesmo visualmente, não há dúvidas, entretanto, se você não educar, catequizar o seu cliente, conforme eu gosto de dizer, não há como de um dia para o outro ele deixar de comprar no balcão e “passar no caixa”.

O avanço dos supermercadistas através dos anos facilita um pouco o entendimento, entretanto, principalmente em cidades mais simples, o “olho-no-olho” com o atendente e a conversa amiga, são conceitos importantíssimos para o sucesso dos negócios. Qualquer mudança deve ser gradual e mensurada de modo a não cometer erros.

Espero ter lhe ajudado !


Um grande abraço e boas vendas

Caio Camargo
FALANDO DE VAREJO
http://falandodevarejo.blogspot.com