sábado, 14 de fevereiro de 2009

Notícia: Classe alta é a mais atingida pela crise mundial, aponta FGV

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Fonte: Agencia Brasil

As classes 'A' e 'B', as mais altas da pirâmide social brasileira, perderam espaço em termos de ascensão social desde o agravamento da crise financeira internacional em setembro do ano passado, caindo 0,65% no período compreendido até dezembro. A constatação é da Fundação Getulio Vargas, que divulgou na quarta-feira (11), estudo sobre a mobilidade social no país com a crise.

'As pessoas com renda mais alta estão vinculadas aos canais de impacto da crise, como o setor exportador, financeiro e imobiliário. A boa notícia é que esses setores são menos importantes aqui do que em outros países, em termos de emprego, de indicadores de renda', disse o economista Marcelo Néri, que coordenou a pesquisa 'Crônicas de uma Crise Anunciada: Choques Externos e a Nova Classe Média'.

No mesmo período dos dois anos anteriores - 2007 e 2006 - as classes 'A' e 'B' subiu 3% na pirâmide. O autor da pesquisa, Marcelo Néri, explicou que, se antes, de cada 100 pessoas que estavam nas classes 'A' e 'B' 20 caíam a cada ano, hoje, essa relação chega a 25. 'É aí que os sinais da crise são mais visíveis', constatou. Dessas 25 pessoas, quatro caíram diretamente para a classe 'E'.

Os critérios da FGV definem as classes 'A' e 'B' como aquelas com renda superior a R$ 4.592 por mês. A classe 'C' tem uma renda de R$ 1.064 a R$ 4.591. O segmento 'D' possui um rendimento entre R$ 768 a R$ 1.064. Abaixo de R$ 768, as pessoas são enquadradas na classe 'E'.

Néri explica que é provável que sejam pessoas que perderam o emprego ou faliram por conta da crise. Néri observou que o fato de a economia brasileira ser relativamente fechada e regulada garantiu uma maior proteção de choque financeiros externos.

O levantamento da FGV aponta, no entanto, que a crise não afetou tanto a classe 'C', onde o movimento de ascensão não foi interrompido. A classe média emergente continua crescendo nas seis principais metrópoles do País (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre).
O estudo mostra que, em dezembro de 2008, a classe média ('C') passou a representar 53,8% da população. No mesmo período de 2007, esse percentual era de 51,8%.

As classes 'D' e 'E' também continuaram encolhendo comparado aos anos anteriores, de acordo com a FGV. Enquanto 6,79% da classe 'D' migrou para classes mais altas. Na classe 'E', esse percentual chegou a 8%.

Marcelo Néri ressaltou a importância das políticas públicas de transferência de renda e injeção de demanda pública em momentos como este. Ele citou como exemplo o programa Bolsa Família que, segundo ele, atende 25% da população brasileira. Na opinião do economista, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) é outra ferramenta importante no amortecimento da crise na economia do país, além de melhorar a logística local.

Néri alertou que, embora as políticas públicas sejam necessárias, elas não são suficientes no longo prazo. 'Se a gente gastar muitos recursos de maneira errada, no futuro, quando a crise passar, estaremos com o freio de mão puxado.' Ele defendeu instrumentos que criem microcréditos, abonos, microsseguros e investimento em educação para que o país e as classes mais pobres enfrentem os efeitos futuros da crise.