Notícia publicada pela Globo.com
Reportagem de Vanessa Stelzer
SÃO PAULO (Reuters) - A rede de supermercados Pão de Açúcar continua descartando impactos da crise financeira global no grupo e mesmo após registrar uma queda em seu lucro trimestral mantém planos de investimentos e crescimento, sobretudo em lojas mais populares.
A rede enfatiza que o ritmo de investimentos depende do cenário econômico e que segue negociando aquisições com outras marcas, em ritmo "acelerado", mas ainda não fechou acordos.
"Estamos na contramão da crise. Não estamos com o pé no breque, estamos com o pé no acelerador. Apenas dependemos da situação da economia e, consequentemente, da empresa (ao longo de 2009) para acertar o ritmo do acelerador", disse o presidente do grupo, Claudio Galeazzi, a jornalistas.
Ele reiterou comentários feitos no início deste ano de que a crise não está afetando a empresa de forma significativa e que o Pão de Açúcar prevê investir 1,2 bilhão de reais neste ano.
Segundo Enéas Pestana, vice-presidente administrativo e financeiro do grupo, em entrevista coletiva, o foco desses investimentos é em infraestrutura e nas lojas Assai, voltadas para a população de menor renda.
"Assai (rede de atacado/varejo do grupo) é uma prioridade de investimentos em 2009. Depois da parte de infraestrutura -que inclui TI e logística-, e terrenos para garantir a expansão futura, vem o Assai", disse Pestana.
"O Assai garante que entremos em praças em que a gente não está de forma muito mais rápida. É muito mais rápido achar imóvel, construir uma loja menor. O custo unitário de uma loja dessas é menor do que uma convencional e, portanto, o risco de erro é baixo."
O grupo fechou 2008 com 28 lojas Assai, ante 15 em 2007. As lojas CompreBem somaram 165 em 2008; as lojas Pão de Açúcar somaram 145 e as lojas Extra totalizaram 102. O total de lojas do grupo foi de 597 no ano passado, contra 575 em 2007.
"A crise está aí, mas nós tivemos a sorte de nos prepararmos muito mais cedo para essa crise. Quando a crise veio de verdade, a gente estava forte em estrutura de capital", disse Pestana.
Entre esses preparativos, ele citou diminuição dos investimentos em 2008 e uma renegociação de dívida que empurrou para junho de 2010 os vencimentos das obrigações da empresa.
AQUISIÇÕES
Em janeiro, Galeazzi disse que a rede havia acabado de montar uma divisão interna de aquisições e fusões e estava estudando "15 negócios diferentes" para aquisições.
Nesta terça-feira, ele não quis informar novidades, dizendo apenas que "os estudos continuam aceleradamente, mas não tem nada concreto".
Durante esta madrugada, o Pão de Açúcar informou que fechou o quarto trimestre com lucro líquido de 102,3 milhões de reais, ante 112,7 milhões de reais um ano antes.
A companhia teve geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de 398,1 milhões de reais no trimestre passado, alta de 22,5 por cento sobre o registrado no ano anterior. A margem passou de 7,5 para 7,7 por cento.