segunda-feira, 2 de março de 2009

Notícias: Batalha do varejo chega ao mundo das vendas virtuais

Notícia publicada pelo Época Negócios
Por Elisa Campos

A batalha do varejo chega agora ao mundo virtual. Depois de o Magazine Luiza abrir em 2008, em um mesmo dia, 44 lojas na capital de São Paulo, terreno antes dominado pela Casas Bahia, chegou a vez do contra-ataque. No dia 2 de fevereiro, a Casas Bahia desembarcou no mundo virtual, ao inaugurar seu site de vendas.

A entrada no comércio eletrônico acontece quase uma década depois do início das vendas on-line do Magazine Luiza, em 2000. Com tradição no varejo eletrônico, em 2007, o Magazine vendeu R$ 336 milhões pela internet, o equivalente a 12% de seu faturamento anual de R$ 2,8 bilhões.

O Ponto Frio, outro concorrente de peso, também tem presença na internet desde 1997. No último trimestre de 2008, suas vendas virtuais foram de R$ 39, 4 milhões, ante um faturamento total de R$ 1,08 bilhão no período.

A loja virtual das Casas Bahia consumiu investimentos de R$ 3,7 milhões. A expectativa é que, no primeiro ano de funcionamento, o comércio virtual corresponda a 2% do faturamento da rede, algo em torno de R$ 280 milhões, diante do total de R$ 13,7 bilhões.

Mais do que um movimento de reação ao Magazine Luiza, a entrada da Casas Bahia no universo virtual comprova uma tendência. E não à toa. Ignorar o canal de vendas on-line hoje pode significar a perda de clientes. Em setembro de 2008, o Wal-Mart iniciou sua operação virtual e, em breve, espera-se que o mesmo aconteça com o Carrefour


“O varejista não pode ficar indiferente ao comércio eletrônico, senão ele perderá clientes”, afirma Edson Kawabata, diretor da consultoria Booz&Co. “Todos grandes varejistas tendem a migrar, senão perderão espaço. As taxas de crescimento desse segmento continuarão maiores do que a das lojas tradicionais por muitos anos”.

“É uma tendência inexorável. O caso das Casas Bahia é emblemático. Talvez ela até tenha demorado demais para entrar no mercado”, opina Cláudio Felisoni, coordenador do Programa de Administração do Varejo (Provar). A demora da Casas Bahia em aproveitar o canal é explicada pela cautela e por questões estratégicas.

“Queríamos um modelo diferenciado de negócio que não afetasse as vendas das lojas físicas, ou seja, que um canal ajudasse o outro. Por isso, esperamos, primeiro, que os computadores pudessem ser comprados por nosso público alvo, o que vem ocorrendo de dois ou três anos para cá”, explica Michael Klein, diretor executivo da rede.

Outra condição para a entrada era a emissão de 4,5 milhões de cartões de crédito co-branded (Casas Bahia/Bradesco, com bandeira Visa), o que foi conquistado no final de 2008 e ultrapassado em janeiro de 2009, quando se atingiu o número de 5,7 milhões.

A verdade é que vender na internet, embora apresente desafios, tem suas recompensas. Em 2008, segundo a e-bit, empresa especializada no comércio eletrônico, as vendas on-line faturaram R$ 8,2 bilhões, 30% a mais do que em 2007. Para 2009, a expectativa é fechar o ano em R$ 10 bilhões, com alta de 25%.

Os números são de dar inveja ao comércio nas lojas físicas. O Magazine Luiza, por exemplo, fechou 2007 com crescimento 33%, mas a alta das vendas virtuais foi de 52%.