segunda-feira, 30 de março de 2009

Notícias: Carro popular vai segurar as vendas do setor automotivo

Publicado por UAI
por Marinella Castro

Os carros populares, que contam com a isenção integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), devem garantir ritmo às vendas do setor em abril. Desta segunda-feira até quarta-feira, o governo vai anunciar oficialmente a prorrogação da redução do imposto, e a expectativa das concessionárias é de que a produção, inferior à demanda dos modelos 1.0, funcione como a grande âncora do segmento nos próximos 30 dias. A venda de veículos no primeiro trimestre do ano deve fechar com alta de até 3% em relação ao mesmo período do ano passado, mas o próprio setor calcula que os números serão mais modestos no segundo trimestre. Isso porque o maior impacto da isenção do IPI teria ficado concentrado nos primeiros meses do ano. “A demanda represada pelos populares vai evitar uma grande retração de vendas em abril”, diz Mauro Pinto de Moraes Filho, presidente do Sincodiv-MG, sindicato que reúne as concessionárias e distribuidores de veículos em Minas Gerais.

Impulsionados pela isenção do imposto, que corresponde a aproximadamente R$ 2 mil a menos no valor total do bem, os carros populares se tornaram a grande vedete das revendas neste início de ano. Durante o fim de semana, todas as concessionárias ouvidas pelo Estado de Minas trabalhavam com fila de espera para seus modelos 1.0. Os estoques das revendas caíram de 305 mil unidades em dezembro para 185 mil no mês passado. A montadora Fiat, por exemplo, saiu do patamar de 45 mil carros/mês, no final do ano passado, para fechar março com uma média de produção superior a 60 mil veículos.

Mesmo com o salto da produção industrial, ainda há déficit. Modelos como o Uno Mille, Palio Fire, Celta, Ford Ka ou o novo Gol estão em falta para pronta entrega e a podem demorar 30 dias. “Esperamos que a partir de abril aconteça uma regularização dos estoques. Com isso, as vendas devem seguir um patamar mais de equilíbrio do que de grande crescimento”, analisa o gerente-geral da BH For, Aloísio Campos Moreira. Segundo ele, a concessionária trabalhou nos três primeiros meses do ano com um déficit de 150 veículos que deve ser resolvido a partir de abril. “Vamos receber 450 carros para uma demanda de 400”, calcula. “Acreditamos que o grande efeito do IPI tenha acontecido no primeiro trimestre. Mas sua manutenção é importante para evitar que as vendas despenquem”, analisa Filho.

Para não correr riscos de perder o desconto, já que a prorrogação da isenção do imposto ainda não foi anunciada oficialmente pelo governo federal, a funcionária pública Sueli Ferreira comprou o carro zero no fim de semana. O Siena 1.0 teve uma redução de aproximadamente R$ 2,5 mil. “A economia é muito significativa e ajuda na decisão de compra do carro novo”, avaliou Sueli, que foi à concessionária acompanhada da família. Na primeira quinzena de março, a venda de veículos leves avançou 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os financiamentos a longo prazo, em até 72 prestações, também voltaram a fazer parte das opções de compra do consumidor, sendo apontados por Rafael Sartori, gerente comercial da Tecar, como fator que vai contribuir para o resultado positivo do ano. “A taxa de juros também caiu. Consumidores que pagam uma parte do carro à vista já contam com taxas de 0,49% ao mês.” A dentista Lívia Mattar tentava comprar o carro novo no fim de semana. “O IPI ajuda muito. No modelo que quero, o desconto é superior a R$ 2 mil.” De acordo com a consumidora, a dificuldade da decisão estava no prazo de entrega. “Nem todas as concessionárias têm o carro em estoque, e eu tenho pressa.”