quinta-feira, 14 de maio de 2009

Consumidores paulistanos estão menos endividados em maio, aponta Fecomercio

O nível de endividamento das famílias paulistanas caiu em maio, após duas altas consecutivas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Fecomercio. A queda alcança esse mês 52% contra 55% em abril, o que representa uma redução de três pontos porcentuais. “Apesar da expansão do crédito, os consumidores estão mais receosos em assumir novas dívidas devido à crise econômica global e seus possíveis reflexos sobre o emprego e a renda”, afirma Adelaide Reis, economista da Fecomercio.

O total de famílias com contas em atraso ficou estável em maio, registrando 21% contra o total de 22% apurado no mês anterior. Por outro lado, a pesquisa já indica crescimento de dois pontos porcentuais no total de famílias que acreditam não ter condições de pagar total ou parcialmente as suas contas nos próximos meses (inadimplentes), passando de 6% em abril para 8% neste mês. “Esse resultado pode ser explicado pelas expectativas negativas referentes à manutenção do emprego e renda nos próximos meses”, explica Adelaide.

A análise por faixa de renda mostra que, em maio, 56% das famílias com renda de até três salários mínimos possuem algum tipo de dívida, contra 58% em abril. Entre as famílias com renda entre quatro e dez salários mínimos, houve redução no porcentual de endividados de 60% em abril para 53% em maio. Em relação ao total de famílias endividadas com renda superior a dez salários mínimos houve queda de 39% para 37%.

De acordo com a pesquisa, na análise segmentada por sexo, observa-se que o público feminino está mais endividado que o masculino. Em maio, dentre as mulheres, 55% estão com algum tipo de dívida contra 49% no grupo dos homens. Quanto à faixa etária, os mais jovens com idade entre 18 e 34 anos estão mais endividados (55%), contra 50% dos consumidores com 35 anos ou mais.

As mulheres também apresentam mais contas em atraso, com 24%, contra 18% dos homens. Por faixa etária, os consumidores com idade entre 18 e 34 anos concentram 24% dos que têm contas em atraso, contra 19% dos que têm 35 anos ou mais. A faixa de renda familiar que apresenta a maior taxa de contas em atraso é a de até três salários mínimos (28%); na faixa de quatro a dez salários mínimos (18%) e entre os consumidores com renda superior a dez salários mínimos apenas 9%.

Perfil das dívidas

O cartão de crédito continua liderando o tipo de dívida que mais atinge as famílias paulistanas, com 58% dos consumidores, contra 60% em abril. Esse mês, os carnês são responsáveis por 41% das dívidas das famílias, seguidos pelo crédito pessoal (11%), financiamento de carro (8%), cheque especial (8%), cheque pré-datado (6%) e crédito consignado (4%).

A maior parte dos consumidores (33%) compromete sua renda com dívidas no período superior a um ano. No período de seis meses (24%); entre três e seis meses (20%); e até três meses (21%). Em relação ao tempo de atraso da dívida observa-se que 35% dos consumidores estão com atraso superior a 90 dias e 24%, no período entre 30 e 60 dias; enquanto para 24% de até 30 dias e para outros 15% dos consumidores o tempo de atraso das dívidas varia entre 60 e 90 dias.

A PEIC também aponta que, em maio, para 53% dos consumidores, o comprometimento da renda com dívidas alcança até 30% da renda. Segundo a economista da Fecomercio, 89% dos entrevistados declararam que não planejam contratar qualquer tipo de financiamento nos próximos meses, mostrando-se cautelosos na aquisição de novas dívidas. “Mesmo com a expansão da oferta de crédito e a redução da taxa de juro Selic, que permanece com perspectiva declinante para os próximos meses, as taxas de juros ao consumidor continuam bastante altas, tanto nas operações de crédito pessoal e crédito consignado, como no cheque especial e no cartão de crédito, comprometendo o orçamento dos consumidores", explica Adelaide.

Para a economista, os efeitos da crise financeira podem ainda provocar mudanças nos indicadores de emprego e renda, que já mostram sinais de queda, com repercussão sobre o endividamento dos consumidores paulistanos. “Esse cenário reflete na expectativa dos consumidores em pagar suas dívidas nos próximos meses, que já registra redução, indicando potencial para um possível aumento da inadimplência”, conclui.

Nota Metodológica

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Fecomercio, tem como objetivo monitorar o nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua percepção em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos.

A PEIC é apurada mensalmente pela Fecomercio desde fevereiro de 2004. A amostra engloba cerca de 2.200 consumidores no município de São Paulo. Das informações coletadas são apurados importantes indicadores: nível de endividamento, percentual de inadimplentes, intenção de pagar dívidas em atraso e tipo de dívida mais freqüente. Tais indicadores são segmentados por gênero (homens e mulheres); faixas de rendas (até 3 salários mínimos, de 4 a 10 salários mínimos e acima de 10 salários mínimos) e faixas etária (até 34 anos e acima de 35 anos).