terça-feira, 19 de maio de 2009

Índice de Preços no Varejo sobe pela segunda vez consecutiva no ano

Pela segunda vez no ano, o Índice de Preços no Varejo (IPV), medido pela Fecomercio, apresentou elevação de 0,16% em abril ante a alta de 0,32% em março. A elevação de abril foi puxada por dez dos 21 grupos analisados pelo IPV, com destaque para Drogarias e Perfumarias, que apresentou aumento de 3,32% em abril. No primeiro quadrimestre de 2009, os preços acumulam alta de 0,07%. No acumulado de 12 meses, a elevação é de 4,06%.

Os preços do segmento de Drogarias e Perfumarias foram influenciados pelo reajuste de remédios ocorrido em 31 de março. No ano a atividade acumula alta de 4,83%. Drogarias apontaram elevação de 3,92% e Perfumarias 0,66%.

Segundo a economista da Fecomercio Júlia Ximenes, o indicador já apresenta alta em menor proporção em relação ao mês anterior, já que não há pressões significativas nos preços, principalmente no segmento alimentício, que tem maior peso no bolso do consumidor. “Em março apenas sete setores apresentaram queda nos preços, em abril o número subiu para 11”, diz a economista.

O grupo de Padarias finalizou o mês de abril com alta de 3,07%, atingindo 4,12% no acumulado de 2009. De acordo com Júlia, embora todos os itens deste grupo tenham mostrado preços mais elevados, a variação mais significativa não foi em alimentos, mas no item Outros Produtos, com alta de 13,34%, incluindo como maior destaque a alta no preço dos Cigarros (13,40%).

O setor de Vestuário, Tecidos e Calçados registrou elevação de 0,32% em abril ante a alta de 0,38% em março. Porém, o indicador ainda acumula variação negativa de 0,69% no ano. Júlia explica que as recentes pressões para a alta dos preços podem ser atribuídas à entrada da coleção outono-inverno, com maior valor agregado e maiores preços. “Com a tendência de desaquecimento nas vendas destes segmentos, verificada pela Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) da Fecomercio, os preços podem sofrer redução nos próximos meses com objetivo de regular estoques.”

Em sua quarta variação positiva consecutiva, o segmento de Supermercados registrou alta de 0,11% em abril ante a elevação de 0,31% verificada em março. O setor acumula elevação de 1% nos quatro primeiros meses do ano. As variações mais relevantes foram: Tubérculos (12,06%), Ovos (8,34%), Leites (4,29%), Verduras (4,08%) e Adoçantes (3%). Por outro lado, os produtos in natura, que exerceram pressão para alta dos preços nos meses anteriores em decorrência das condições climáticas pouco favoráveis, começaram a ceder. Destaque para as quedas nos preços dos Legumes (-2,61%), Pescados (-3,72%) e Frutas (-0,80%).

Outros grupos que finalizaram o mês de abril com preços mais elevados foram Brinquedos (1,11%), Óticas (0,98%), Relojoarias (0,63%), Materiais de Escritório e Outros (0,60%) e Autopeças e Acessórios (0,44%).

Caminho inverso

O grupo de Combustíveis e Lubrificantes mostrou variação negativa nos preços de 0,98%. No ano acumulam queda de 0,89%. Segundo Júlia, o segmento de Combustíveis recuou 1% por conta da queda no preço do álcool nas distribuidoras com o início da safra. Lubrificantes mostraram variação negativa de 0,34%.

Após três altas consecutivas causadas por instabilidades climáticas, o setor de Feiras teve queda de 2,68% em abril. A atividade atinge a maior variação no acumulado do ano dentre todos os grupos pesquisados: 9,72%. Destaque para as variações verificadas em Verduras (-4,60%), Frutas (-3,53%), Legumes (-3,02%) e Aves (-2,05%).

A depreciação do dólar frente ao Real no mês de abril colaborou com a queda de 1,07% nos preços dos produtos Eletroeletrônicos. Segundo Júlia, outro fator que pode ser atribuído a este desempenho é o desaquecimento das vendas da atividade, que vem perdendo espaço para outros setores que foram beneficiados com isenção de impostos e possuem valor agregado maior, comprometendo a renda dos consumidores por prazos mais alongados. No ano, os preços da atividade acumulam queda de 1,96%.

A queda na demanda internacional por proteínas animais devido à crise financeira manteve a trajetória negativa dos preços de Açougues, com o recuo de 1,06% em abril. No ano acumulam -4,99% de variação. Carnes Bovinas (-1,32%) e Carnes Suínas (-0,23%) foram os responsáveis pelo resultado ocorrido em abril.

Já os preços dos segmentos de Eletrodomésticos (-0,91%) e Material de Construção (-0,53%) foram favorecidos pela redução o Imposto sobre Produtos Industrializado (IPI). Linha Branca, que inclui geladeiras, acusou decréscimo de 2,08% em abril.

Veículos (-0,06%), CDs (-0,99%) e Floriculturas (-0,63%) tiveram comportamento semelhante e finalizaram abril em queda.

Júlia acredita que, para os próximos meses, a expectativa é de que os segmentos de Materiais de Construção e Eletrodomésticos continuem em queda graças à desoneração fiscal anunciada em março. “Já o setor de Açougues ainda deve ser influenciado pelo desempenho de proteínas animais com tendência de trajetória negativa em virtude do desaquecimento do mercado internacional e agravado pela gripe suína.”


Sobre a Fecomercio
A Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa 151 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 600 mil empresas, um universo que corresponde a 10% do PIB brasileiro e gera em torno de cinco milhões de empregos.