domingo, 3 de maio de 2009

Notícias: Varejista do México abrirá lojas em Curitiba

Publicado por Gazeta do Povo

A rede varejista mexicana Coppel, do setor de eletromóveis, decidiu entrar no mercado brasileiro com uma operação montada a partir de Curitiba. A companhia vem trabalhando no projeto desde o ano passado e vai inaugurar as primeiras lojas na capital paranaense até o início de 2010. O investimento na cidade será oficializado em algumas semanas, mas os planos já estão em uma
fase adiantada – a Coppel enviou funcionários brasileiros para passar por um período de treinamento no México e está avaliando os pontos onde instalará as primeiras unidades.

Segunda maior em seu segmento no México, a Coppel estava de olho no Brasil desde pelo menos 2004. Ela avaliou a aquisição de redes nacionais, entre elas a gaúcha Lojas Colombo e a catarinense Berlanda, mas não levou adiante as negociações por receio de que uma desvalorização do real reduzisse o retorno do investimento. “Eles preferiram esperar e fizeram a aposta errada, porque o real se valorizou”, diz Alexandre Horta, consultor especializado em varejo da GS&MD.

Durante esse período de espera, a Coppel viu sua maior rival local, a Elektra, abrir as primeiras lojas na Região Nordeste. Para as duas, o Brasil aparece como um bom investimento. A diferença entre elas é geográfica. Enquanto a Elektra preferiu entrar em uma área menos explorada, a Coppel começa a operar na região com a maior concentração de lojas.

“A estratégia faz sentido se você pensar que Curitiba reflete bem o que é o mercado brasileiro. É uma forma de testar a competitividade da rede”, analisa Eugênio Foganholo, consultor especialista em varejo.

O maior desafio para a Coppel será firmar a marca em um setor que tem um líder incontestável, a Casas Bahia, que tem entre 35% e 40% do mercado brasileiro, com concorrentes em acelerado grau de consolidação, como Magazine Luiza e Lojas Colombo. “A única vantagem de ser novo no mercado é que os fornecedores estão ansiosos para desenvolver competidores para reduzir o poder das grandes redes”, comenta Horta.

O que está claro no mercado é que a Coppel vê o Brasil como um investimento de longo prazo. Com 770 lojas, sendo 266 de calçados e o restante de eletromóveis, e um banco que garante financiamento farto e rápido para seus clientes, o grupo mexicano teve vendas de R$ 5,8 bilhões no ano passado e tem força para retomar o projeto de aquisições quando conhecer melhor o país. “Eles entendem que têm um modelo eficaz e rentável. Por isso optaram por começar do zero”, afirma Olavo Guimarães Filho, sócio da State Capital, uma empresa de investimentos que chegou apresentar opções de aquisições no Brasil para a Coppel.

Marketing

O grupo Coppel se especializou em vender móveis, eletrodomésticos e outros utensílios para um público de renda média e baixa. Seu segredo é uma combinação de concessão ampla de crédito e lojas com muita variedade. “A ideia é trazer para o Brasil o sistema que eles têm lá. Mas será preciso fazer pesquisas de mercado para investigar o consumidor brasileiro e adaptar esse modelo”, explica Cláudio Loureiro Santos, presidente da agência de publicidade curitibana Heads, que assumiu a conta da Coppel no país. Um dos trabalhos para o time de marketing da empresa será firmar uma marca que guarda semelhanças com firmas já existentes no mercado, como uma fábrica de colchões e a Companhia Paranaense de Energia. O uso da marca, aliás, ainda depende de um pronunciamento do INPI, pois foi contestado pela fabricante de colchões Copel. (GO)