terça-feira, 16 de junho de 2009

Confiança do consumidor paulistano tem a terceira alta consecutiva

Segundo a pesquisa, a expectativa positiva para a economia brasileira e para o cenário global no próximo semestre fizeram o índice subir 7%

Melhoras na margem da economia global e sinais positivos cada vez mais generalizados dos indicadores da atividade econômica referentes ao segundo trimestre impulsionaram positivamente a confiança do consumidor para o segundo semestre e levou o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fecomercio em junho a uma alta de 7% em relação a maio, atingindo 134,5 pontos. Em junho, o ICC subiu 8 pontos acima dos 125,73 pontos verificados no mês passado. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o índice registrou queda de 5,9%. O indicador varia numa escala de 0 a 200 pontos, indicando pessimismo abaixo de 100 pontos e otimismo acima desse patamar.

“O aumento pelo terceiro mês consecutivo do indicador representa que a população paulistana mantém uma percepção positiva em termos de confiança, indicando continuidade da tendência à recuperação gradual da confiança do consumidor. Essa elevação é relevante também para garantir um período um pouco melhor para as vendas do comércio”, afirma Thiago Freitas, economista da Fecomercio.

Segundo Freitas, a perspectiva de melhoria baseada no gradual arrefecimento inflacionário, expectativa de baixa na taxa de juros, aumento das concessões de crédito para o consumidor, assim como as seguidas ações pontuais do governo no sentido de expandir a atividade econômica, têm influenciado positivamente a percepção dos consumidores paulistanos. “O nível de atividade está sujeito aos ciclos de crescimento econômico e eles condicionam a confiança do consumidor. Logo, a evolução favorável do poder de compra do consumidor e a volta do crédito para aquisição de determinados bens foram fundamentais para reforçar suas percepções positivas sobre a economia”, explica Freitas.

A análise mais detalhada dos dados que compõem o ICC aponta para esse diagnóstico. De acordo com a pesquisa, tanto o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) - que avalia a situação presente - quanto o Índice das Expectativas do Consumidor (IEC) - que indica a percepção do consumidor quanto ao futuro - tornaram-se bem mais otimistas em junho. O ICEA apresentou alta de 7,1%, registrando 125,7 pontos. Esse indicador está diretamente relacionado com a percepção que o consumidor faz sobre sua segurança em termos de emprego e renda. “Por se tratar de um indicador tipicamente de curto prazo, o mais relevante é a análise na margem, ou seja, o consumidor parece acreditar que o pior pode ter passado.”

No que diz respeito à segmentação por faixa etária, a análise aponta que a confiança em relação à situação presente por parte dos consumidores com menos de 35 anos aumentou em junho, registrando uma variação de 9%, chegando a 130,1 pontos. Os paulistanos com 35 anos ou mais elevaram suas avaliações em 3,1%, atingindo 119,2 pontos.

Já o IEC, analisado por renda, destacou os paulistanos com renda superior a 10 salários mínimos. Freitas explica que os consumidores com essa faixa de renda geralmente têm maior acesso à informação e melhores condições para uma avaliação mais pontual, portanto, apresentaram um aumento de confiança substancial de 15,6%, chegando 168,7 pontos.
De acordo com o IEC, os paulistanos com 35 anos ou mais, que já vivenciaram diversos desequilíbrios econômicos, também elevaram suas expectativas em relação ao futuro da economia em 4%, atingindo 136,4 pontos. “Esse otimismo pode ser explicado pela crença dos consumidores de que os desdobramentos da atual conjuntura macroeconômica não serão negativos”, afirma Freitas.

Quanto ao cenário internacional, nos últimos três meses, já se observa sinais de melhoria na economia mundial. Exemplo disso é a confiança do consumidor nos Estados Unidos (CCI – Consumer Confidende Index), apurado pelo Conference Board, que cresceu 34,5 % atingindo 54,9 pontos em maio, principalmente puxado pelas expectativas futuras. Os resultados da confiança externa, principalmente do consumidor e do empresário americano, são fundamentais para balizar as expectativas internas, dado que o epicentro da crise é o sistema financeiro americano.

Nota Metodológica


O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela Fecomercio desde 1994. Os dados são coletados junto a cerca de 2.100 consumidores no município de São Paulo. O objetivo da pesquisa é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura.

Os dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de 0 (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.

A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 90, a equipe econômica da Fecomercio adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no país, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central