segunda-feira, 8 de junho de 2009

Vendas no comércio varejista em abril repetem o mesmo movimento em relação à igual período de 2008, aponta Fecomercio

Segundo Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), a repetição do desempenho de vendas de abril do ano passado, considerando o atual momento conjuntural do ano, é positiva para o setor

São Paulo, 08 de junho de 2009 - As vendas reais do comércio varejista da Região Metropolitana de São Paulo em abril apresentaram o mesmo volume do mesmo mês do ano passado. Segundo a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) da Fecomercio, não houve crescimento em abril deste ano. No acumulado do ano, a queda registrada é de 1,2%.

“Há dois aspectos positivos no volume de vendas alcançado nesse quarto mês do ano: em primeiro lugar, em abril de 2008, o faturamento real registrou forte aumento, contra abril de 2007, o que faz com que a obtenção do mesmo volume em 2009 seja alentador, tendo em vista circunstâncias conjunturais muito menos favoráveis”, avalia Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio.

Segundo o economista, outro ponto favorável é o aumento expressivo de três atividades - Supermercado, Lojas de Departamento e Farmácias - num indício de que aos poucos as vendas no varejo estão caminhando para patamares mais positivos, depois de dois trimestres de quedas.

A pesquisa aponta que, em abril, o desempenho positivo foi liderado pelo forte movimento dos Supermercados, atividade com o maior peso relativo no varejo, com expansão de 20,1% em relação ao mesmo mês do ano passado. “Como a data comemorativa da Páscoa - segundo melhor dia do ano para o setor - no ano passado foi em março e, neste ano, em abril, a base para comparação ficou baixa”, explica Carvalho. Além disso, o aumento da massa de rendimentos dos paulistanos também contribuiu para o melhor resultado do setor em abril.

O crescimento da massa de rendimentos também contribuiu para a elevação de 10,4% no setor de Farmácias em abril, em comparação a igual mês do ano passado. A elevação das vendas de produtos de higiene pessoal e produtos de beleza devido à ampliação de mix de produtos encontrados nos estabelecimentos deste segmento também impulsionaram o setor. “Desde janeiro, o segmento vem mostrando um excelente desempenho com altas consecutivas de dois dígitos. O acumulado no ano está em 11,4%”, diz Carvalho.

As Lojas de Departamento registraram aumento de 13,1% em seu faturamento real na comparação com igual mês do ano anterior. Em março, a atividade havia apresentado elevação de 1,6%. Esta é a quarta variação positiva consecutiva do segmento, fazendo com que acumule no período entre janeiro a abril incremento de 7,9%.

“Parte do resultado é atribuída à fraca base de comparação de 2008, quando o segmento teve o pior desempenho dentre todos os grupos avaliados pela PCCV, com uma queda de 11,4% no faturamento real”, explica Carvalho. Além disso, em abril de 2008, o recuo da atividade foi o maior de toda a série histórica: -17,8%.

Segundo o economista, o efeito da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) estimulou as vendas do setor esse ano. “Os preços da linha branca já acusam queda de 3,85% no acumulado do quadrimestre, de acordo com o Índice de Preços no Varejo (IPV) e isso tende a estimular um aquecimento nas vendas.”

Setores em queda
Em contrapartida à expansão do setor de Supermercados, a maior queda de vendas foi apurada em atividade de peso expressivo no conjunto do varejo, o Comércio Automotivo, que registrou uma redução de 21,3% em relação À abril do ano passado.

De acordo com a PCCV, o segmento mostrou em abril forte retração de vendas, a maior dentre as atividades varejistas, com movimento 21,3% abaixo do observado em abril do ano passado. No ano, a queda no faturamento real acumula redução de 7,8% ante mesmo período de 2008. Segundo Carvalho, essa queda era previsível, considerando que o estímulo fiscal oferecido para aquisição de veículos tinha prazo de término estabelecido para 31 de março. “As vendas expressivas registradas em março mostraram um movimento de antecipação de compra para garantir o benefício – que acabou sendo estendido.”

Outros segmentos que apresentaram queda em abril, em comparação com igual mês de 2008, foram Lojas de Móveis e Decorações (-5,4%), Lojas de Material de Construção (-7,5%), Lojas de Vestuário, Tecidos e Calçados (-9,3%) e Lojas de Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos (-17,8%).

O economista acredita que, para os próximos meses, é possível que com a continuidade de recuperação da confiança do consumidor, o setor venha a registrar índices de vendas mais positivos, mas ainda abaixo do patamar de 2008, o melhor da história do segmento automobilístico.

Quanto ao comércio geral, Carvalho ressalta que há uma leve tendência de recuperação do consumo, caso sejam mantidas as condições de renda, emprego e crédito, ao lado da estabilidade dos preços. “A provável continuidade na política de redução dos juros, o câmbio equilibrado e a permanência dos estímulos ao consumo devem consolidar esse prognóstico.”

Nota Metodológica

A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) é apurada mensalmente pela Fecomercio desde 1970, tendo sido atualizada periodicamente de forma a se manter moderna e adequada ao perfil do varejo. Os dados são coletados junto a cerca de 1.800 estabelecimentos comerciais na região metropolitana de São Paulo. A pesquisa tem como objetivo acompanhar e avaliar o desempenho do comércio varejista em seus vários ramos de atividade. Das informações apuradas, são gerados indicadores de faturamento nominal e faturamento real. Os dados da pesquisa auxiliam o empresário no processo de tomada de decisões em termos de investimentos, priorização de atividades, identificação de tendências do consumidor e do mercado, adequação a novos padrões, redefinição de diretrizes, alteração nos padrões de consumo, inserção no mercado, servindo, assim, como um balizador das suas atividades no curto prazo.

Sobre a Fecomercio: A Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa 151 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 600 mil empresas, um universo que corresponde a 10% do PIB brasileiro e gera em torno de cinco milhões de empregos.