quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ventos do varejo

A crise atingiu em cheio a indústria, mas o comércio vem se mantendo em pé. O IBGE divulgou hoje a segunda queda consecutiva nas vendas, em março e abril. Mesmo assim, os economistas entenderam o resultado como positivo. A crise continua emitindo sinais contraditórios.
O economista Sérgio Vale, da MB Associados, acha que o comércio segue mostrando bons sinais apesar das duas retrações seguidas. Ele explica que é altamente positivo o fato do comércio ainda apresentar crescimento na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no auge da crise.
- Embora esteja desacelerando, estamos com crescimento no auge da crise. Isso significa que no segundo semestre, quando o nível de atividade deve estar mais aquecido, o comércio poderá crescer ainda mais - apostou.
Os setores que dependem da renda dos consumidores estão sendo pouco afetado, como é o caso dos supermercados e das farmácias. Já aqueles que dependem de crédito e financiamentos, como os automóveis e eletrodomésticos, estão apresentando fortes quedas nas vendas. Para se ter uma idéia, de setembro de 2008 a abril de 2009, o volume de vendas no setor de móveis e eletrodomésticos caiu cerca de 10%.
Em entrevista ao blog (leiam mais abaixo), o presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Carlos Thadeu de Freitas explicou que essa queda é o que revela a face da crise no setor. Ele explicou, no entanto, que o comércio está indo melhor que a indústria principalmente porque não depende tanto das exportações.
Como a vigência da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) termina no final de junho, Sérgio Vale sinaliza que esse será um mês crucial para o setor porque muito consumidores poderão antecipar as compras para o mês, fazendo com que em julho aconteça uma forte queda.
- O governo trabalha com a hipótese de que a economia estará aquecida no segundo semestre e por isso não haveria necessidade de manter o IPI. Mas esse cenário ainda é incerto. O ideal seria o governo voltar a subir a alíquota do IPI progressivamente, para dar tempo dos consumidores e dos vendedores se adaptarem - sugeriu.
Vale apostava em crescimento de 2,5% no varejo em 2009. Ele deve rever o número para melhor, para algo em torno de 4%. Já o HSBC Global Reserh prevê que o comércio termine o ano com crescimento de 5%.
O resultado não deixa de ser uma forte desaceleração para um setor que vinha crescendo a taxas de 10% em 2008.

Fonte: MiriamLeitão.com