Redução de IPI é a principal causa da alta para compras no 3º trimestre; média de uso do financiamento caiu
Os efeitos da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no varejo de construção civil, automóveis e linha branca elevaram as intenções de compra destes produtos, conclui uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, 14, pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Segundo o estudo, a intenção dos consumidores em comprar geladeiras, fogões e máquinas de lavar - itens contemplados pela redução do IPI - para o terceiro trimestre subiu 13,1%, ante igual período do ano passado. No entanto, o valor a ser gasto nestas compras recuou 22,5%. O mesmo acontece com materiais de construção, onde a intenção de compra subiu 27% no período, mas a de gasto recuou 27,1%.
Na avaliação de Cláudio Felisoni, do Provar, os consumidores estão mais sensíveis ao ambiente de ofertas e promoções, que mantêm favoráveis as vendas, porém em valores menores. Segundo ele, apenas a categoria de automóveis apresentou alta na intenção de compra (41,2%) e de gasto (0,5%).
Financiamento
Mesmo com a melhora das condições de crédito, os consumidores mantêm a cautela em relação ao uso do financiamento para a aquisição de bens duráveis. De acordo com Felisioni, está ocorrendo o maior uso do pagamento à vista e a redução do número de parcelas do crediário. "As pessoas ainda não incorporaram as condições mais favoráveis de crédito."
Entre as maiores quedas no uso do financiamento, para o terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, estão as categorias de móveis (de 73,5% para 65,4%), materiais de construção (70,4% para 59,5%) e telefonia e celular (69,4% para 44,9%). Para a linha branca, o financiamento permaneceu estável, em 77%. Por outro lado, o uso do financiamento para a compra de automóveis subiu no período de 71,4% para 91,2%.
Impacto
Segundo Felisoni, os impactos da crise financeira se refletiram de modo "atenuado" nas vendas totais do varejo. "A tendência de crescimento foi mantida. O que foi alterada, apenas, foi a velocidade da expansão", afirmou. De acordo com levantamento do Provar, o terceiro trimestre deste ano apresentou a maior taxa de intenção de compra de bens duráveis dos últimos 10 anos.
Entre os fatores, apontados por ele, para a manutenção das taxas de crescimento do varejo estão a elevação dos prazos médios de pagamento e a redução na taxa de juros. De acordo com Felisoni, entre março de 2004 e maio de 2009, o prazo médio do financiamento ao consumidor no varejo subiu de 283 dias para 495 dias. Além disso, ele lembrou que a partir de janeiro deste ano vem ocorrendo o processo de redução da taxa de juros.
"As condições mais favoráveis da economia, a partir de 2004, mesmo com a crise, tornaram os níveis de inadimplência mais previsíveis; ou seja, as pessoas estão comprando mais e quitando suas dívidas. Essa previsibilidade vem proporcionando a redução dos juros e dos spreads", afirmou.
Fonte: Agência Estado