segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ecologia-2.0, o que o marketing tem a ver com isso?

por Edson Zogbi

Comecei a aprender ecologia como matéria escolar nos anos 70. Naquela época, ecologia era, simplesmente, o estudo de como se organizavam as cadeias alimentares e suas relações. Lá pelos anos 80 esta matéria virou bandeira científica, bandeira política, bandeira social e claro, bandeira ambientalista. Mas, a revolução da informação começou a nos ensinar que o mundo tem uma condição que pode ser mais ou menos medida. Essa condição seria como se fosse uma fotografia. Chamamos isso de “estado do mundo”. E o mundo está mal, a mídia não para de avisar (isso quando não tem futebol, eleições ou escândalos ocupando o espaço).

Quem não se lembra do slogan: “salvem as baleias”? Ou do: “salvem as focas”? Ou até daquela brincadeira: “salvem o mico leão dourado da floresta cinzenta equatorial da Pensilvânia do leste”? Pois é, agora o slogan mudou: “salvem-se”!

Num recente artigo que escrevi (O Pior Consumidor do Mundo), falei do termo Ecologia-2.0, mencionando o quanto os novos consumidores são diferentes e o quanto os profissionais de marketing têm que se empenhar para conhecê-los. Ao mesmo tempo, preví que o consumo irá cair por conta de um “entendimento” visceral de que não podemos mais consumir desenfreadamente da forma que fazíamos até ontem, pois não há recursos disponíveis no planeta para isso. Se adotarmos, por um passe de mágica, o padrão de vida dos norte americanos, precisamos de quase 5 planetas Terra para atender a demanda de recursos naturais. Que eu saiba a Terra ainda não aumentou de tamanho, e condições de mudar para outro planeta que nos dê recursos naturais semelhantes, ainda não foram encontradas.

Se você procurar no youtube vídeos sobre o não-consumo ou críticas ao consumo, vai encontrar milhares, e todos eles, milhões de vezes vistos. Quem os vê? Quem gosta deles? Não há dúvida que são os jovens, as gerações de consumidores que vêm por aí, os piores consumidores do mundo (vamos chamar de PCM), para quem é de marketing.

Então a equação está montada e as variáveis são: PCM + esforços tradicionais de marketing = menos vendas. Não precisa entender de cálculos de fractais ou logarítimos para perceber que o que vai ter que mudar nessa equação são os esforços tradicionais de marketing. Isso porque se pensarmos “dentro da caixa”, tenderemos a pensar simplesmente em aumentar estes esforços, uma decisão cartesiana que está longe de ser uma solução, porque é o mesmo que dizer: gastem mais para convencer quem quer consumir menos, coisa de louco.

Por outro lado, ainda pensando cartesianamente, poderíamos imaginar então, a extinção do marketing de vez. Para quê investir nisso se o consumo vai diminuir? Outro erro crasso.

O caminho para esse tipo de problema, que é complexo, passa pelo pensamento complexo, pela análise de todas as variáveis envolvidas, pela dinamização dos conceitos de marketing, passando pela inovação e pela gestão da inovação. E isso indica que precisamos nos preparar, aumentar nosso nível de conhecimento, partir para essas novas disciplinas com interesse e afinco. O que muda no PCM é o que ele consome e não o quanto ele consome. O que muda no PCM é que ele passa a consumir mais serviços do que produtos, passa também a consumir os pordutos que foram desmaterializados, viraram bits, são agora virtuais.

Existem PCMs em todas as classes sociais, cada um com o seu potencial de consumo, e claro, com a sua consciência de consumo. Independente disso, a tendência de se consumir menos recursos naturais e também de poluir menos continuará crescendo.

A Ecologia-2.0 não exige somente ações de marketing sócio ambiental bonitinhas de se divulgar com uma boa assessoria de imprensa. Ela exige um novo perfil de trabalho.

Então, o marketing que pretende fugir da extinção da sua espécie tem que abrir sua cabeça, deixar seus louros de lado e investir na sua capacitação. E tornar-se um gestor da inovação, uma peça chave para a sobrevivência da maioria das empresas. Ecologia-2.0 exige um Marketing-2.0.
Edson Zogbi – Especialista em Gestão da Inovação e Planejamento de Marketing - Diretor Geral da Poliscenário (www.poliscenario.pt) em Lisboa, empresa proprietária das redes: RCLP – Rede de Classificados em Língua Portuguesa (www.rclp.pt, www.rclp.com.br), RCLE – Red de Clasificados en la Lengua Española (www.rcle.es) e CNIE – Classifieds Net for Innovation in English (www.cnie.co.uk). Conselheiro de Marketing e Inovação de empresas, Conferencista, Professor e Autor de 3 livros (Editoras Atlas e Profitbooks) e de 29 DVDs didáticos (Commit e Dtcom).