Os grandes varejistas descobriram um negócio muito vantajoso que nada tem a ver, a princípio, com seu core business: a venda de seguros. "Esse tipo de produto financeiro se converte num ótimo negócio para o varejista", analisa Luiz Fernando Biasetto, sócio-sênior da GS&MD - Gouvêa de Souza. Na avaliação do especialista, a "operação de venda tem alto volume e baixo risco para o vendedor". Assim, sob a forma de garantia estendida, oferecida na hora da compra de um produto, o ganho é convidativo para todas as partes envolvidas. Para a empresa varejista, a venda de seguros costuma representar no balanço final uma grande lucratividade, porque o custo é praticamente nulo e os gastos administrativos desprezíveis. O produto financeiro não exige estocagem, não requer mais espaço de demonstração e é atrativo para o próprio vendedor na complementação de seus ganhos mensais. O vendedor da loja enxerga nele um ganho interessante, porque 5% do valor do seguro fica para ele, 15% para o estabelecimento e os outros 80% são divididos entre o fornecedor do serviço, a seguradora e a instituição financeira. Os formatos dessa divisão são variáveis e dependem dos acordos assinados entre os três participantes. As seguradoras, por sua vez, enxergam as lojas do comércio como um canal de vendas excelente. A Classic, uma das primeiras corretoras a ofertar produtos de fidelização para o varejo, aposta na expansão do mercado. "Temos crescido nossa carteira de clientes em cerca de 20% ao ano", diz Rubens Nogueira, presidente da empresa. "Mesmo com a crise econômica, nossa expectativa neste ano é de chegar a 25%."
Como o segmento é promissor, o Magazine Luiza criou uma joint venture com a Cardif, que recebeu o nome de LuizaSeg. Ainda não há estatísticas dos resultados, mas os negócios caminham bem. "Estamos trabalhando com a expectativa de aumento de 15% a 20% nas vendas de seguro de garantia estendida da rede em relação ao ano passado", diz Luís Cozac, diretor-presidente da LuizaSeg. Com a aquisição de 70,24 % do capital do Ponto Frio, na metade deste ano, o Grupo Pão de Açúcar começou a participar mais ativamente do segmento de eletrônicos e eletrodomésticos e também da venda de seguros. "A estratégia relacionada à garantia estendida para bens duráveis, tanto no Ponto Frio quanto nas lojas do Extra e Extra Eletro, permanece a mesma", diz Aymar Giglio, diretor-tesoureiro do Grupo Pão de Açúcar. Segundo ele, é possível, no entanto, que a estratégia seja ampliada para os pontos de venda acessíveis a consumidores de baixa renda. "Nas lojas CompreBem, onde houver eletrônicos à venda, esse produto pode também ser oferecido".
Fonte: Valor Econômico