terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sustentabilidade: Estamos abordando da maneira correta ?

Hoje vamos falar de sustentabilidade.

Analisando o mercado, vejo que a cada dia o tema vem sendo cada vez melhor abordado e incorporado ao varejo, porém, em muitos casos, tenho visto que a questão da sustentabilidade tem sido abordada mais como uma questão de marketing ou valia de marca do que uma verdadeira razão para as empresas.

É indiscutível nossa necessidade de melhorias no sentido de um melhor desenvolvimento social e ambiental, e que as práticas que auxiliam nesse sentido são sempre bemvindas, porém, me coloco a discutir se os consumidores são de fato “verdes” ou preocupados com essas questões na hora de consumir ou adquirir produtos ou serviços com essas características.

O grande problema está no conflito entre o bem a longo prazo e o preço que se paga ao se adquirir estes produtos. Muitas pessoas desistem de serem verdes ou socialmente responsáveis ao ter de pagar um pouco a mais por este tipo de produto. Acreditam que podem tirar vantagem de um preço mais cômodo enquanto outros pagam a mais pelo produto socialmente ou ecologicamente correto. Acabam esquecendo que de fato, é a maneira de produção correta de maneira social ou ecológica de fabricar/ produzir / trabalhar com este tipo de mercadoria que acaba resultando num preço maior.

O que quero discutir é o fato de que não importa o quanto as empresas se preparem ou preparem produtos e serviços para um novo tipo de consumidor, realmente não acredito que o consumidor nos dias de hoje ainda seja maduro o suficiente para esse tipo de consumo. Vejamos o mesmo exemplo sobre outra ótica: Temos o Dia Mundial sem carro, comemorado no dia 22 de setembro. Não importa o quanto algumas poucas pessoas pensem em andar de bicicleta ou de transporte público, muitos entendem como um “excelente dia para se andar de carro”, uma vez que o transito provavelmente estará livre. O resultado dessa brincadeira são congestionamentos até mesmo maiores que nos dias normais. É a famosa Lei de Gérson ou seja, aquela na qual descreve o brasileiro como alguém que sempre busca levar vantagem em tudo, acontecendo mais uma vez.

Por mais que esse cenário venha cada vez mais melhorando e nosso consumidor venha tomando cada vez mais medidas corretas, como por exemplo, no livro de Jaime Troiano, “As marcas no Divã” (Ed.Globo), no qual ele prega um numero cada vez menor de um perfil de malandros em nossa sociedade, estes ainda existem e em bom numero para sabotar qualquer boa iniciativa.

Acredito que estamos entrando em uma fase de maturidade desse tipo de produto e serviço. O que vem dando certo no mercado são principalmente as opções que além de sociais ou ecologicamente corretas acabam trazendo economia ao bolso do consumidor. As lâmpadas econômicas, assim como as bacias sanitárias com acionamento econômico. Além de preservar, trazem economia ao consumidor.

Quando o impacto é diretamente ligado ao bolso deste, com uma redução de custos praticamente imediata, a vantagem se mostra de maneira mais interessante e o produto acaba por possuir uma melhor aceitação pelo mercado.

Em visitas a algumas lojas “ecologicamente corretas” de São Paulo, de diversos segmentos, aproveitando para conversar com os gerentes, vemos que já existem consumidores que já saem de casa dispostos a comprar em uma loja que oferecem produtos corretos, ou seja, o que antes só parecia como uma tendência ou um investimento, a cada dia mais se mostra como uma característica de comportamento. Estamos longe de um perfil concreto, mas estamos no caminho certo.

Um grande abraço e boas vendas

Caio Camargo
FALANDO DE VAREJO
http://www.falandodevarejo.com.br/