terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Redes moveleiras planejam pegar carona no crescimento imobiliário

Redes do segmento de móveis e decoração, mercado que em São Paulo movimenta R$ 7 bilhões por ano, estão animadas com a possibilidade de crescer até 40% em vendas neste ano, com o boom do setor imobiliário e aproveitar a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha de móveis. Para alavancar os negócios e pegar carona nos lançamentos habitacionais, empresas como Tok&Stock, D&D, Blue Gardênia e Cecília Dale fazem planos de investir em inaugurações e ampliação das unidades em locais estratégicos, principalmente em regiões onde há previsão de entregas dos imóveis vendidos entre 2006 e 2007.

De acordo com o professor Cláudio Felizoni, do Programa de Administração do Varejo (Provar), este ano será favorável para o setor porque, com o aumento da renda das famílias, as vendas de bens duráveis, principalmente para a casa, como móveis, eletroeletrônicos e decoração poderão ter alta significativa. "É de se esperar que bens duráveis terão um crescimento neste ano."

O professor ressalta que a procura por itens para a casa terão também como impulsionador a maior oferta de crédito para as compras no varejo. "Bens com maior valor agregado geralmente são comprados à prazo."

Para aproveitar o momento, a redes Blue Gardênia inaugurou novas unidades em bairros como Jardins, região nobre da cidade de São Paulo (em funcionamento desde novembro passado). "Temos sentido um aumento na procura desses artigos em áreas onde o crescimento imobiliário é forte. Por isso abrimos a nova loja. Exemplo da alta nas vendas é a unidade de Santos (Baixada Santista), onde o crescimento imobiliário aumentou a procura por esses produtos, no ano passado", conta Mirian Gotfryd, proprietária da rede. Segundo a empresária, a expectativa é que em 2010 as vendas na rede sejam 40% maiores do que no ano passado.

Outra empresa que acredita na possibilidade de crescimento superior aos dois dígitos com a comercialização de itens para decoração é a Cecília Dale, rede com 6 lojas. Para a gerente de Marketing da empresa, Paola Dale, com a ajuda do setor imobiliário, a previsão é este ano vendas 10% maiores. "Com mais gente comprando imóveis, as lojas de decoração sentem uma procura maior", diz.

Na Tok&Stock, gigante do segmento de decoração, com 45 unidades, a estimativa é de crescimento superior a 7% em mesmas lojas, com investimento investir na abertura de e ampliações de unidades em: São Paulo e nas regiões Sul e Centro Oeste, áreas onde a rede enxerga como mais oportunas para este segmento no período, segundo Nilo Signorini, gerente de planejamento comercial da rede. "Este ano vamos ampliar a loja de Pinheiros [SP]."

Apesar das ampliações de lojas em pontos estratégicos Signorin acredita que o formato de lojas menores usado para as unidades dos shopping centers será a grande aposta da rede para sua expansão. "É um novo projeto de lojas que estamos usando para viabilizar nossa expansão nos shopping centers", diz o executivo.

Para o gerente de planejamento da Tok&Stock ainda é difícil avaliar se a redução do IPI tiveram impacto no crescimento das vendas, mas acredita que no ano passado houve uma migração das vendas de móveis para acessórios e utensílios para o lar, além de uma diminuição do tíquete médio dos clientes. "Agora já não é mais novidade [isenção do IPI]. Talvez tivesse um efeito maior se fosse no começo, como aconteceu com a linha branca", diz.

De olho em ganhar mercado também com vendas para as classes AB, a Marabraz - concorrente da Bartira, fábrica de móveis das Casas Bahia - rede com mais de cem lojas em São Paulo e famosa por vender móveis a preços baixos para as classes CD a grande aposta agora são as novas linhas de produtos para atender esse publico consumidor. "Agora queremos chegar à classe A", conta Nasser Fares, diretor-geral da Marabraz. Para Fares, a expectativa é vender ao longo deste ano, até mesmo 10% mais do que em 2009, por causa dos estímulos fiscais (isenção do IPI) que devem baratear os preços dos móveis até 31 de março. "Acredito que com isso as vendas serão melhores."

Liquidação

Interessado em aproximar suas lojas do consumidor final e crescer acima de 10% em 2010, o shopping D&D, que conta com mais de 170 lojas aposta na parceria com as construtoras para divulgar o centro de compras e atrair os clientes com novidades oferecidas já no momento da compra do imóvel, conta Silvia Zuccherelli, superintendente do empreendimento. "O crescimento imobiliário vai alavancar nossas vendas neste ano", diz.

Para este início de ano, a expectativa do mall é ver o movimento em suas lojas crescer 10% com as promoções de até 70% de desconto do tradicional "Bota Fora D&D", liquidação que acontece todos os anos janeiro e fevereiro. "Neste ano, vamos trabalhar para superar nossas metas."

O D&D também pretende investir neste ano em campanhas publicitárias, como chamariz para as lojas - a do bota fora foi criada pela J3P. Além da campanha a rede acredita no reconhecimento do mall como referência de item com qualidade e preços atrativos. Segundo a superintendente do shopping, para acompanhar o crescimento do setor, está nos planos da empresa uma futura expansão do empreendimento. "Vamos ampliar, sim. Mas ainda não temos nada definido."

Escritórios

Para atender à demanda das empresas, que pretendem aumentar os investimentos neste ano, a Alberflx decidiu ampliar sua fábrica, que agora terá uma nova área de 8.000 m² de área construída - antes era apenas a fábrica de 20.000 m² de área construída.

O local será destinado à estocagem de matéria-prima, cartonagem e toda a linha mobiliário completa destinada à pronta entrega "Fast Office". A empresa também investiu na compra de maquinários, para cortes a laser para melhorar a qualidade dos produtos e ganhar em agilidade na fabricação e entrega das mercadorias.

O consumo no País deve continuar aquecido nos próximos meses, por causa do aumento da renda da população e, a melhora nas condições de emprego e crédito, segundo projeções da assessoria econômica da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecormercio-SP). Exemplo do potencial de consumo dos brasileiros foi a alta, em janeiro, em comparação a dezembro, de 2,9% do indicador: Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurado mensalmente pela entidade. O índice passou dos 134,8 pontos para os 138,7 pontos e permanece no nível de satisfação (abaixo de 100 pontos indica uma percepção de insatisfação, enquanto acima de 100 - com limite de 200 pontos - indica satisfação). O índice é composto por sete itens. Quatro deles - Emprego Atual, Renda Atual, Compra a Prazo e Nível de Consumo Atual - comparam a expectativa do consumidor em relação a igual período do ano passado. Já as variáveis Perspectiva Profissional, Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis mostram a expectativa do consumidor em relação ao futuro.

Donas de um mercado que movimenta R$ 7 bilhões por ano em São Paulo, lojas de móveis e artigos para decoração como Blue Gardênia, Tok&Strock, Cecília Dale e o shopping D&D estão animadas com as projeções otimistas do setor imobiliário e já planejam pegar carona para crescer 40% neste ano.

A ideia é expor lançamentos do setor nos modelos de habitação decorados e apresentados aos clientes das construtoras e imobiliárias no pré-venda de imóveis. Outra aposta das redes é a abertura de novas unidades em cidades como Santos (SP), que estão em alta na venda de imóveis por causa dos royalties do pré-sal, que deverá aquecer a economia no litoral dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, a partir de 2010.

Para Mirian Gotfryd, proprietária das lojas Blue Gardênia, a grande expectativa do setor neste ano é aproveitar a entrega dos apartamentos vendidos entre 2006 e 2007 para aumentar o faturamento da rede em até 40% - o tempo médio para entrega de um imóvel comprado na planta é 2 anos. Segundo a empresária, a estratégia da rede agora é inaugurar lojas em locais onde o setor imobiliário está aquecido, para garantir os lucros futuros. "Por isso, abrimos a nova loja em Santos", comentou Mirian .

Fonte: DCI