terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Economistas começam o ano menos confiantes na economia, aponta Fecomercio

Taxa de câmbio é a principal fator para a queda do indicador, que ainda está acima de 100 pontos, ou seja, no patamar otimista

O Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia (ISE), calculado pela Fecomercio em parceria com a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), começou o ano em queda de 4,7% em janeiro, atingindo os 104,8 pontos, contra os 110 pontos registrados em dezembro. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve alta expressiva de 41,5%. Apesar da variação negativa, o ISE ainda continua no patamar otimista (acima de 100 pontos).

Fonte: OEB / FECOMERCIO

A queda foi provocada, principalmente,** pelo item Taxa de Câmbio (73,3 pontos; -27,8%) que voltou ao patamar de pessimismo em janeiro. Segundo a assessoria econômica da Fecomercio, a moeda nacional valorizada foi considerada inadequada pelos economistas.

Dos nove itens pesquisados no ISE, seis tiveram queda em janeiro em relação a dezembro, com destaque para Taxa de Câmbio (73,3 pontos; -27,8%), Taxa de Inflação (69,1 pontos; -16,1%) e Taxa de Juro (67,9 pontos; -7,9%). Outras variações negativas foram vistas nos itens Nível de Atividade Interna – PIB (173 pontos; -3,5%), Cenário Internacional (158,4 pontos; -2,2%) e Nível de Emprego (135,1 pontos; -5,1%). Os demais apresentaram elevação: Gastos Públicos (16,6 pontos; +51,4%), Salários Reais (122,5 pontos; +7,8%) e Oferta de Crédito ao Consumidor (127,5 pontos; +2,7).

Fonte: OEB / FECOMERCIO

Dados de inflação já apontam maior pressão de preços para este início de ano, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) que, em janeiro, registrou alta de 0,52% contra 0,38% em dezembro, puxado principalmente por alimentos, tarifas de ônibus e combustíveis. Os economistas avaliam este item de forma pessimista tanto no presente (72,3 pontos) e de forma mais negativa quanto para daqui a 12 meses (65,9 pontos).

Em relação aos Gastos Públicos (16,6 pontos; +51,4%), apesar da alta de 51,4%, ainda se situa em um patamar muito pessimista, principalmente em relação à percepção atual, no qual apontou neste mês 3,4 pontos, ou seja, próximo ao extremo negativo e a pior pontuação já registrada no ISE. “O governo federal vem aumentando expressivamente o gasto de custeio da máquina pública e não dá nenhuma indicação de que haverá cortes nem no curto nem no longo prazo, o que ainda implica na avaliação negativa dos economistas.”

Na avaliação dos economistas da Fecomercio, as quedas nos itens Nível de Atividade Interna – PIB (173 pontos; -3,5%), Cenário Internacional (158,4 pontos; -2,2%) e Nível de Emprego (135,1 pontos; -5,1%) podem ser consideradas normais ou como um realinhamento do otimismo, uma vez que havia uma euforia no final do ano passado e que pode ter gerado sentimento de um cenário melhor do que efetivamente ocorre.

Os itens que permaneceram no patamar de otimismo (acima dos 100 pontos), são: Salários Reais (122,5 pontos; +7,8%) e Oferta de Crédito ao Consumidor (127,5 pontos; +2,7%). Este último vem crescendo sistematicamente a sua avaliação tanto em relação à percepção atual (120,5 pontos) quanto na avaliação futura (134,5). “O Banco Central no seu boletim mensal apresentou aumento nas concessões e no volume de crédito e, em dezembro, apontou para a pessoa física a menor taxa de juro desde 1994, o que gera maior otimismo dos economistas.”

A assessoria da Fecomercio acredita que, se a pressão dos indicadores inflacionários continuar, juntamente ao aumento dos gastos públicos e a expectativa de mercado de aumento da taxa básica de juros, a tendência do ISE pode continuar negativa e apontando uma nova queda para fevereiro.