quarta-feira, 16 de junho de 2010

Vendas do varejo brasileiro têm forte avanço em abril

Vendas têm expansão de 9,1% na comparação anual e mantêm momento positivo do setor; no ano, alta é de 11,8%

Números divulgados nesta manhã pelo IBGE mostram que as vendas do varejo brasileiro tiveram em abril um crescimento de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado, levando o acumulado de 2010 a uma expansão de 11,8% sobre os primeiros quatro meses de 2009. Em relação aos meses, anteriores, porém, o ritmo de expansão desacelerou (9,2% em dezembro, 10,4% em janeiro, 12,2% em fevereiro e 15,7% em março), devido em grande parte ao efeito calendário (a Páscoa no início de abril contribuiu para a alta mais forte nas vendas em março). “O crescimento de quase dois dígitos nas vendas reflete a melhoria das condições macroeconômicas do país, com maior volume de crédito, juros mais baixos, aumento da renda da população e confiança do consumidor em alta”, comenta Luiz Goes, sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza, consultoria especializada em varejo e distribuição.

O resultado do varejo brasileiro ficou, mais uma vez, acima do desempenho das principais economias do mundo. Nos Estados Unidos, as vendas do varejo cresceram 8,6% na comparação com abril de 2009, enquanto nos países da Zona do Euro houve queda de 1,5% em relação ao ano passado.

Em abril, todos os segmentos do varejo apresentaram crescimento acima de 5%, sendo que os segmentos mais dependentes de crédito tiveram alta ainda mais acentuada. Esse cenário, na opinião do especialista da GS&MD, decorre de uma clara melhora no cenário macroeconômico nacional. “Setores como veículos, tecidos / vestuário, móveis / eletroeletrônicos e materiais de construção tiveram um desempenho muito fraco no início de 2009, por conta da crise financeira global. Isso vem favorecendo o crescimento muito acelerado desses segmentos, mesmo com o fim da isenção de IPI”, comenta o consultor.

Dentre os setores mais dependentes de crédito, Móveis e Eletrodomésticos tiveram uma expansão de 22,7% na comparação anual, abaixo dos 25,4% do mês anterior. “Se por um lado houve o fim do IPI reduzido, por outro a Copa do Mundo impulsiona a venda de aparelhos de TV”, afirma Goes. Material de Construção apresentou avanço de 19,3%, mantendo o momento positivo, enquanto Veículos e Motos, Partes e Peças tiveram expansão de 18,9% nas vendas. O setor de Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação, porém, apresentou um crescimento de 5,9%, muito abaixo dos 35,6% de março. “Uma série de fatores contribuiu para esse avanço moderado, como a base muito forte de comparação, as compras de celulares no período pré-Páscoa e uma maior atenção dos consumidores para itens relacionados à Copa, como televisores”, conta Goes.

O segmento de Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo, tradicionalmente o carro-chefe do varejo, teve um crescimento de apenas 5,6%, o que decorre diretamente do efeito calendário. Ainda assim, o segmento foi responsável por 31,7% da taxa geral de expansão do varejo brasileiro em abril.

Entre os fatores que vêm estimulando o consumo neste primeiro semestre estão o aumento do poder de compra da população, com expansão da massa salarial; as taxas de juros relativamente baixas; e a confiança dos consumidores, em níveis elevados historicamente. “Essa conjunção de fatores estimula os consumidores não apenas a adquirir bens duráveis, mas também itens de menor valor, e leva todo o varejo a crescer”, afirma o consultor.

A GS&MD - Gouvêa de Souza projeta para 2010 um cenário positivo para o varejo brasileiro. “A alta dos juros e a própria base de comparação mais forte farão com que o varejo cresça mais moderadamente nos próximos meses. Ainda assim, mais uma vez o setor terá uma expansão acima do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com destaque para os bens duráveis em um ano de Copa do Mundo”, finaliza Goes.