segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Marketing olfativo é uma boa oportunidade inexplorada pelo varejo


Um aroma. Por mais simples que seja e se for aplicado com o intuito de atrair consumidores e fazê-los se sentir bem dentro de um ambiente, pode sim fazer diferença entre aqueles que o frequentam. É o que está propondo uma nova ferramenta de marketing, ou seja, trazer resultados positivos a uma loja apenas aromatizando o seu ambiente. Qualquer setor pode fazer uso do marketing olfativo, até mesmo o varejo, desde supermercados, lojas de shoppings centers e até de rua. Basta que cada loja busque sua identidade olfativa e para isso é preciso entender a filosofia da marca, a mensagem e a imagem que a loja quer passar para o cliente; além dos produtos vendidos e do público alvo. Há outros fatores que também devem ser levados em conta como o espaço da loja, seu tamanho, as aberturas, portas e janelas; os clientes, os funcionários, o pé direito, se tem ar condicionado ou não etc.

A definição dessa identidade olfativa para cada loja é importante porque dessa forma é possível verificar que tipo de aparelho deve ser utilizado para que objetivo possa ser atendido. Entre as peças que podem ser implantadas estão o difusor de aroma, papel perfumado para gaveta; há também sachê para carro ou armário, mala direta aromatizada, anúncio de jornal aromatizado, entre outras peças.

A ação dessa ferramenta de marketing é simples. Isso porque o olfato está ligado ao sistema límbico, conhecido como o “cérebro das emoções”, por isso não está conectado à razão e sim à emoção das pessoas, que podem incluir lembranças de sua infância ou outras memórias de sua vida. Mas o grande atributo do marketing olfativo está em se beneficiar desse sentido humano, onde um cliente que é bombardeado atualmente por tantas publicidades visuais e auditivas, já possui um espécie de filtro em sua mente, fazendo com que ele deixe de prestar atenção nelas. Todavia, com o olfato é mais difícil existir esse tipo de barreira e embora haja tanta informações para o cliente se ater, ele sentirá o aroma existente no local, afinal o ser humano precisa respirar para sobreviver.

A diretora da Croma, empresa especializada em marketing olfativo,Vanice Zanoni, diz que, de acordo com pesquisas realizadas nos Estados Unidos e coordenadas pelo presidente do Smell and Taste Institute, Dr. Alan Hirsh, o tempo de permanência nas lojas perfumadas é maior (até 20%) do que nas mesmas lojas sem perfume, além disso o aumento das vendas pode chegar até 18%. Um dos testes que foi realizado apresentou o mesmo tênis em duas salas, sendo uma delas estava aromatizada e a outra não. Quem participava do teste tinha que dar uma resposta sobre qual tênis gostava mais; e ainda tinham que dizer um valor de quanto achavam que cada um custava. O resultado mostrou que a maioria gostou mais do tênis da sala aromatizada e que estavam dispostas a pagar um valor mais alto por ele; e vale lembrar que os dois tênis eram exatamente iguais.

Para a sócia da Fragrance Expertise, a francesa Veronique Massei, o marketing olfativo é outro meio de comunicação com o cliente visando agregar valor ou reconhecimento à loja ou marca em questão. “Ele é capaz de criar laços emocionais entre clientes potenciais e marcam assim como reforçar o sentimento de confiança entre ambos. A evolução do varejo passou por várias etapas: sofisticação do visual, do layout, circulação “dirigida” dentro da loja, depois vem a iluminação, a música e agora estamos na era do cheiro”, celebra a empresária.

Ela lembra que uma loja de perfumaria, por exemplo, não precisa de uma comunicação olfativa, permanente. Mas ela pode se valer da ferramenta na fase de lançamento de um novo produto, por exemplo. Veronique afirma que o valor do investimento depende do tamanho do espaço a ser aromatizado, do número e tipos de máquinas. Para ela, principal empecilho para a difusão dessa ferramenta no varejo brasileiro é a falta de comunicação à respeito da possibilidade de criar uma identidade olfativa capaz de fidelizar o consumidor, assim como consequentemente aumentar o fluxo nas lojas e enfim as vendas.

A diretora da Croma também acredita que o principal empecilho do marketing olfativo seja o preço, ou melhor, a visão equivocada dos varejistas. “É lamentável a dificuldade deles não encararem isto como algo essencial para o aumento de suas vendas. Muitos acham que devem ter só porque está na moda. Aí ele acaba comprando um spray que usa as vezes e não realiza efetivamente o trabalho de aromatização, anulando qualquer possibilidade de ganho com o consumidor”, critica Vanice.

Fonte: BeautyFair