segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Japonesa Uniqlo planeja ter loja no Brasil

Na tentativa de se tornar a líder mundial do varejo de roupas, a japonesa Fast Retailing Co. planeja abrir lojas Uniqlo nos mercado de rápido crescimento da Índia e do Brasil, além de expandir vastamente a presença na China, onde quer que o número de lojas supere o do Japão até 2020.

Os chamados varejistas de moda rápida, tais como a Inditex S.A., da Espanha, que é a maior varejista de roupas do mundo e opera a rede Zara, e a sueca Hennes & Mauritz AB, estão rapidamente expandindo seus impérios pelo mundo, à medida que os consumidores abandonam as roupas mais caras em favor das opções mais acessíveis. A Fast Retailing, líder em vendas do varejo de roupas na Ásia, disse que pretende ultrapassar a Zara e a H&;M dentro de uma década, com a aceleração da abertura de lojas — particularmente na Ásia.

Tadashi Yanai, fundador e
diretor-presidente da Fast Retailing
O foco de moda da Fast Retailing, entretanto, é diferente de seus concorrentes: ela vende por preços acessíveis produtos casuais, como jaquetas de lã, calças jeans e a linha roupas térmicas Heat Tech. "Nós não fazemos roupas que você vai jogar fora depois de uma estação", disse Naoki Otoma, diretor operacional da Naoki Otoma.

No seu mercado doméstico, de onde a Fast Retailing tira a maior parte de sua receita, a companhia chamou a atenção por quebrar várias das convenções dos negócios japoneses. A empresa já disse que o inglês tem que ser falado em todos os encontros de negócios em que houver estrangeiros presentes, que até 2012 toda a correspondência via e-mail terá que ser em inglês e o número de empregados estrangeiros vai superar o de japoneses em 2015.

A varejista está rapidamente se tornando um modelo para o resto das corporações japonesas, que enfrentam o obstáculo duplo do encolhimento da demanda doméstica e da escassez de líderes japoneses com conhecimento e habilidade linguística necessários para liderar um movimento maior em direção ao mercado global.

"Nossa vantagem é que somos uma marca japonesa, conhecida pela boa qualidade e pelo design, e estamos mais próximos dos mercados asiáticos", disse Otoma ao Wall Street Journal. "Na China, nós vamos crescer organicamente, sem alianças ou colaborações. Não existe uma empresa chinesa que possa fazer o trabalho melhor do que nós (...) Nós não vamos nos esforçar para elevar muito o número de nossas lojas no Japão, daqui para frente."

A previsão é de que a Uniqlo tenha 844 lojas no Japão e 76 na China até o fim de agosto do ano que vem. Até 2020, a Uniqlo planeja ter 1.000 lojas na China, somente por meio do crescimento orgânico. A Zara tinha 60 lojas na China, em 31 de outubro.

Otoma, de 50 anos, também disse que a Uniqlo pretender entrar nos mercados brasileiro e indiano dentro de cinco anos. Embora um varejista estrangeiro só possa entrar na Índia como acionista minoritário com um sócio local, esta restrição deve provavelmente mudar em breve. "De acordo com nossas pesquisas, essas regulamentações devem ser dissolvidas dentro de um ano", disse Otoma.

No Brasil, o desafio é fazer a coleção certa chegar ao mercado na estação adequada. Otoma disse que, como as estações são o oposto da maioria dos outros mercados da Uniqlo, que ficam no Hemisfério Norte, a logística acaba sendo um desafio, já que a coleção da última temporada chegaria no país com uma estação de atraso. Eles querem resolver a charada antes de entrar no mercado.

No crucial mercado americano, a Uniqlo está reconstruindo a marca, depois de alguns erros. Ela saiu dos shopping centers de subúrbio e agora tem apenas uma loja, no bairro do SoHo, em Manhattan. A empresa planeja abrir um site de vendas em breve, para atingir mais americanos, e inaugurar uma loja principal na Quinta Avenida, em Nova York, no ano que vem.

A empresa não esconde que está rastreando o mercado para fazer aquisições nos EUA, depois de uma oferta malsucedida pela Barneys New York, em 2007.

"Nós recebemos muitas propostas", diz Otoma. "Não existem muitas boas opções no mercado no mundo. E para as empresas que estão se saindo bem, o valor pedido para comprá-las é enorme. Nós temos que avançar rapidamente com o comércio eletrônico. Nossa prioridade tem sido reforçar a marca e o reconhecimento da marca nos EUA."

Embora a Fast esteja expressando abertamento seus planos de dominação global, o último ano foi agitado, depois de um período de boa rentabilidade.

As vendas no Japão em novembro, pelo critério de mesmas lojas, despencaram 15% em relação ao ano anterior, a quarta baixa mensal consecutiva. O número de clientes caiu 7% e as vendas por cliente despencaram 8,1%.

Em outubro, a Fast previu que o lucro líquido no ano todo — até outubro de 2011 — cairia pela primeira vez em quatro anos, em 17%, para 51 bilhões de ienes (US$ 608,1 milhões). A empresa projetou que as vendas líquidas subiriam 5%, para 856 bilhões de ienes, entretanto. A ação apresenta uma desvalorização de 27% no ano, até o momento.

Tadashi Yanai, fundador e diretor-presidente da Fast Retailing, atribui o fraco resultado à escassez de itens básicos importantes, ao marketing fraco das linhas de verão e primavera e a falhas no planejamento de produção e produtos.

"Acho que o forte desempenho no primeiro semestre nos levou a ser menos cuidadosos no segundo", disse ele em uma apresentação este ano.

Fonte: The Wall Street Journal