quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Fiscalização flagra trabalho escravo em confecções da marca Zara

Empresa diz que vai regularizar a situação

Trabalhadores bolivianos foram encontrados trabalhando em condições análogas à escravidão em três confecções de São Paulo que são fornecedoras da marca de roupas Zara por fiscais do Ministério do Trabalho. Segundo a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, três fornecedores foram alvos da investigação, dois na capital e um em Americana, no interior paulista. Na capital, as duas oficinas eram de bolivianos, mas segundo o SRTE eram de responsabilidade da Zara. Ao todo, as duas tinham 15 funcionários.

As duas oficinas foram fechadas pelo SRTE. Os trabalhadores receberam indenização conjunta de R$ 140 mil. Uma adolescente de 14 anos chegou a ser encontrada trabalhando em uma das oficinas - ela contou que só podia sair do local, onde também morava, com autorização dos chefes. "A conclusão é que o único responsável por essas duas oficinas era a Zara, pois esses trabalhadores só produziam peças destinadas à empresa, seguindo os padrões dela", disse à Folha Online o auditor Luís Alexandre de Faria, do Ministério do Trabalho. As duas oficinas receberam 48 autuações por infrações que incluiam excesso de jornada - que chegava a 16h por dia -, falta de pagamento de férias e falta de descanso semanal.

Americana

Em Americana, o caso foi aberto em maio. Cerca de 50 bolivianos foram encontrados no local em condições precárias de moradia e sem higiene. A oficina era subcontratada pela Zara, mas não trabalhava exclusivamente para a empresa. Todos os casos foram encaminhados para o Ministério Público.

Irregularidades

A Inditex, empresa espanhola responsável pela Zara, reconheceu em comunicado as irregularidades dos fornecedores. Segundo a empresa, ela não tinha conhecimento dos fatos e exigiu que o fornecedor que terceirizou o serviço regularizasse a situação "imediatamente". A Inditex informou ainda que vai reforçar a fiscalização do sistema de produção do fornecedor e das demais confecções que são suas parceiras no país.

Fonte: Folha