terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Varejo brasileiro cresce 4,3% e projeta fechar ano na casa dos 6% de expansão

Vendas sobem em outubro puxadas por informática/comunicação (+28,8%) e móveis/eletros (+13,3%). Em relação a setembro, varejo tem crescimento zero

As vendas do varejo brasileiro tiveram em outubro mais um mês de crescimento, embora o ritmo de expansão continue apontando para uma desaceleração do mercado. De acordo com informações divulgadas nesta manhã pelo IBGE em sua Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), o varejo cresceu 4,3% em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado, abaixo dos 5,2% de setembro e 6,3% de agosto. O resultado foi obtido sobre uma base de comparação elevada, já que em outubro de 2010 as vendas haviam crescido 8,7% sobre o mesmo mês de 2009. Com isso, no ano o varejo acumula um crescimento de 6,7% e a expansão dos últimos 12 meses está em 7,3%. “A desaceleração das vendas é até natural, se considerarmos a base de comparação mais forte neste semestre e o ambiente econômico mais complicado no cenário externo, com a crise europeia gerando preocupações”, comenta Luiz Goes, sócio-sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza, principal consultoria especializada em varejo do país. A desaceleração fica mais evidente quando observada a comparação das vendas mês a mês: depois de crescer 0,5% em setembro, o varejo ficou estável em outubro.

Seis dos dez segmentos do varejo tiveram no 10º mês do ano um crescimento menor que em setembro, mas o grande destaque ficou para os segmentos de bens duráveis, especialmente informática e comunicação (+28,8% na comparação anual); e móveis e eletrodomésticos (+13,3%). Considerando o Varejo Ampliado (que inclui automóveis e materiais de construção), as vendas subiram 1,6% na comparação anual, acumulando 7,3% de alta no ano. As vendas de automóveis caíram 4%, contra uma alta de 3,6% no mês anterior, enquanto os materiais de construção tiveram expansão de 6,8%, contra 6,5% em setembro. “Apesar do bom ritmo de crescimento, as medidas de redução de impostos sobre a linha branca deverão impactar positivamente este segmento”, comenta Goes.

O desempenho do varejo brasileiro continua sendo destaque entre as principais economias mundiais. Nos Estados Unidos o crescimento foi de 7%, ainda que sobre uma base de comparação muito baixa; no Reino Unido houve alta de 2% nas vendas, enquanto na Alemanha o varejo subiu 1,4% e em Portugal, registrou forte queda de 9,7%.

No Brasil, o bom comportamento dos principais índices macroeconômicos, como renda, massa salarial e juros, garantiu um desempenho moderado das vendas de bens semiduráveis. Em artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, por exemplo, houve alta de 8% em outubro. Já tecidos, vestuário e calçados tiveram queda de 2,2%. “A base de comparação é muito forte, uma vez que o ano passado foi um ano de recuperação para o setor de vestuário, após um 2009 muito ruim”, diz Goes.

O segmento de supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou, mais uma vez, um resultado abaixo da média do varejo, agora com crescimento de 2,3% na comparação anual. “O setor vem crescendo abaixo da média nos últimos meses, uma vez que não é alavancado por crédito e depende basicamente da combinação entre renda e massa salarial para avançar”, analisa Goes.

Com a alta de 6,7% nas vendas no acumulado do ano, as expectativas do varejo para 2011 são positivas, mesmo com a turbulência vinda das economias europeias. “O cenário macroeconômico ainda é positivo, mas até o final do ano as vendas continuarão em desaceleração, por conta da base elevada de comparação. Na comparação anual, as vendas ficarão na faixa dos 6% a 6,3%, o dobro do que é esperado para o PIB“, conclui.