terça-feira, 31 de julho de 2012

Mão de obra: O grande obstáculo do varejo brasileiro

Olá a todos.

Não há como negar que os players de varejo vêm nos últimos anos aproveitando o bom momento econômico e social do país, para apostar em projetos de expansão e fortalecimento de suas redes. O grande problema é que os índices de desemprego atingem gradualmente índices cada vez mais baixos, e embora ainda esteja oscilando na média de 6%, estamos em uma situação que pode ser considerada tecnicamente como pleno emprego.

Mas como isso afeta o varejo e o varejista? A dificuldade de encontrar novos profissionais hoje é tão grande que alguns grandes players estão tendo dificuldades de continuar seus planos de expansão somente pela falta de pessoas e profissionais em algumas regiões do país.


E se encontrar mão de obra disponível hoje já é difícil, a dificuldade em si aumenta quando buscamos mão de obra qualificada ao varejo. A solução para a maioria das empresas está em buscar ou tentar encontrar novos talentos, o que reflete diretamente em um aumento cada vez maior em investimentos nos setores de recursos humanos e treinamentos.

Mas se investir em treinamento nunca é um mau negócio, o grande problema da absoluta falta de candidatos às vagas abertas, é que esta tem criado um cenário cada vez maior de concorrência entre as empresas, em verdadeiros leilões para ver quem paga mais aos seus funcionários. O problema com o investimento em treinamentos é que a alta concorrência tem tirado profissionais das empresas antes mesmo que essas possam colher os frutos de seu investimento.

Note também que quando eu citei a questão do leilão sobre quem paga mais, eu quis dizer que a grande maioria dos funcionários hoje tem trocado de empregos por apenas R$ 50,00 ou R$ 100,00 a mais em seus salários, sem avaliar questões como infraestrutura, qualidade de ambiente de trabalho, condição de contratação (muita gente troca CLT por emprego informal, apenas avaliando a questão financeira), ou seja, prefere valor, e não valia.

Também é fato que a falta de investimento e profissionalização, tornou o varejo uma opção de primeiro ou subemprego para muita gente. Poucos são aqueles que desejam realmente construir toda uma carreira dentro de algum varejista. Quando surge uma oportunidade, muitos preferem trabalhos mais estáveis como os oferecidos pelas indústrias ou concursos públicos, que favorecem questões como qualidade de vida (sem trabalho aos sábados, domingos e feriados), salário fixo (sem precisar ralar para ganhar comissão e um salário mais adequado), entre outras questões.

E se não bastasse essa situação, ainda encontramos um dos grandes paradigmas das novas gerações, a total falta de comprometimento com a empresa. É cada vez mais difícil encontrar ou até mesmo formar lideranças ou gerencias dentro do quadro de vendedores hoje disponível.

O varejo precisa observar que os tempos de mão de obra farta já não existem mais. E isso já ocorre já há algum tempo. Quem começar a mudar hoje a forma de contratar e investir em seus funcionários já começa atrasado. Para muitos, o risco de se perder um bom profissional está somente com a loja do bairro, ou o concorrente da esquina. Eu sugiro um olhar mais amplo, um olhar além do varejo.

Um grande abraço e boas vendas

Caio Camargo
FALANDO DE VAREJO
@falandodevarejo