quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O comércio cresce, mas o estímulo ao consumo cai

Comparando 2012 com 2013, as vendas de Natal cresceram entre 2,5% e 5% reais, o que está longe de indicar um desaquecimento ou uma ameaça ao comércio varejista. Se as vendas natalinas foram tidas como fracas, essa avaliação revela mais a frustração de entidades do comércio com o fato de em anos anteriores o crescimento ter sido maior. Elas esperavam mais neste Natal.

As vendas dos shopping centers avançaram 5%, calcula o presidente de uma das entidades do setor, Nabil Sahyoun, da Alshop. "Desconsiderando os novos shoppings praticamente não houve expansão", afirmou. Ele estima que o gasto individual com presentes caiu 10%. O que quer dizer que muitas lojas faturaram menos neste Natal do que no Natal de 2012.


Segundo a Serasa Experian, a atividade do comércio varejista aumentou, no País, 2,7% reais. Resultados mais elevados foram registrados no comércio eletrônico (+41% nominais), o que representa uma tendência global, decorrente do aumento do número de computadores em casa e da confiabilidade que o setor passa a ter, apesar do crescimento das reclamações de clientes.

Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), estima que as vendas natalinas deste ano avançaram 2,5% reais, um pouco abaixo do que ele previa (3%).

Até meados do ano, o comércio varejista foi beneficiado com vigorosos estímulos. À redução de tributos como o IPI somou-se o Programa Minha Casa Melhor, para equipar as residências das famílias de baixa renda. As vendas de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos cresceram. Mais recentemente, os estímulos perderam eficácia e o crescimento das vendas no varejo perdeu ímpeto. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE demonstrou bem essa tendência.

Neste Natal, o avanço das vendas foi ajudado pela procura de itens mais sofisticados, como tablets, linhas tecnologicamente mais avançadas de TVs e celulares - e não mais por brinquedos, como no passado.

Com a alta de juros, os consumidores tomaram mais cuidado antes de aumentar seu endividamento para comprar presentes, mudando de atitude em relação a anos anteriores. E com o avanço das importações a indústria de manufaturados brasileira parece ter-se beneficiado pouco com o (relativamente modesto) crescimento real das vendas. A menos que o real se deprecie muito, é improvável que o favorecimento dos importados se altere em 2014.