terça-feira, 24 de março de 2015

Índice que avalia nível de estoques no comércio recua novamente em março

Para a Entidade, enquanto não houver controle da inflação, consumidor deve ficar mais conservador, reduzindo as vendas e desanimando os varejistas

O indicador que mede a percepção dos empresários em relação ao nível de estoques do comércio na região metropolitana de São Paulo (RMSP) apresentou, em março, queda de 2,9%, passando de 106,9 pontos em fevereiro para 103,9 pontos. No comparativo anual, a baixa foi ainda mais expressiva: 11%. Neste momento, a proporção de empresários que considera o seu estoque elevado demais é de 32,2%, a maior desde junho de 2011, quando a pesquisa começou a ser realizada. O recorde anterior havia sido atingido em dezembro do ano passado (30,8%).

Os dados são do Índice de Estoques (IE) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que capta a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.

Para a Federação, enquanto não houver sinais de controle da inflação, a tendência é que o consumidor fique mais conservador. Com isso, a queda nas vendas desanima os varejistas e torna o giro de estoques lento e custoso para as empresas. Vale lembrar que o custo de carregar o estoque está se elevando há mais de meio ano, com a alta continuada dos juros bancários. Ao mesmo tempo, a inadimplência das pessoas jurídicas está crescendo, confirmando o mau momento pelo qual passam as empresas no País.

De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, a forte elevação da percepção de inadequação de estoques em março ocorreu principalmente por parte de lojistas que veem seus estoques como elevados. Por outro lado, a proporção de empresários que percebem os estoques abaixo do adequado caiu. Ou seja, se nos meses anteriores a situação dos estoques se deteriorou por bons motivos (como o aumento da proporção de estoques percebidos como baixos), neste mês, a retração do índice foi motivada apenas pelo aumento da quantidade de empresários que acreditam possuir estoques em demasia. O fim do ciclo de estoques, que havia sido entrevisto com os resultados de janeiro e fevereiro, volta a ser adiado.

A FecomercioSP destaca ainda que, mesmo com essa queda de demanda relativa, os preços na economia continuam subindo. Foi criado o pior dos mundos: queda de consumo com alta de preços. Não será fácil quebrar esse círculo vicioso enquanto não houver ganhos vigorosos de confiança dos empresários na capacidade do governo em gerar respostas à economia, algo que passa pelo processo político, hoje pouco favorável.

Nota metodológica

O Índice de Estoques é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários do comércio nos municípios que compõem a região metropolitana de São Paulo. O indicador vai de zero a 200 pontos, representando, respectivamente, inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice, é possível identificar percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de estoques para "acima" (quando há a sensação de excesso de mercadorias) e para "abaixo" (em casos de os empresários avaliarem falta de itens disponíveis para suprir a demanda em curto prazo).

Sobre a FecomercioSP

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Congrega 155 sindicatos patronais e administra, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A Entidade representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes. Esse universo responde por 11% do PIB paulista - aproximadamente 4% do PIB brasileiro - e gera em torno de cinco milhões de empregos.