terça-feira, 19 de maio de 2015

Vendas caem 2,7% na primeira quinzena de maio na capital, informa Associação Comercial de São Paulo

Dia das Mães não impediu queda no varejo; inadimplência melhora, mas apresenta perspectiva de alta

O Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) aponta queda média de 2,7% no varejo paulistano na primeira quinzena de maio em comparação com o mesmo período do ano passado. Separadamente, o movimento do comércio a prazo teve retração de 3% sobre igual período de 2014. Já as vendas à vista caíram 2,4%.

"Esses recuos se devem, principalmente, ao cenário de aumento dos juros, restrição ao crédito, queda da massa salarial e elevação de tarifas, diminuindo o poder aquisitivo do consumidor", analisa Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo).

Contudo, em comparação com a primeira quinzena de abril de 2015, houve saltos de 22% e 53,1% nas vendas a prazo e à vista, respectivamente. Esse desempenho se deve a uma base fraca de vendas em abril e, sobretudo, ao Dia das Mães, que impulsionou o comércio na cidade no início de maio - ainda que abaixo das expectativas. Na avaliação da ACSP, trata-se, em ambos os casos, de altas sazonais, que dificilmente vão se sustentar até o fim do mês. De acordo com a entidade, é possível que o acumulado de maio registre melhora em comparação com o mês anterior, mas - caso ocorra - será em menor escala.



Ainda segundo o Balanço de Vendas, nos primeiros quinze dias de maio, os destaques na venda a prazo foram os eletroportáteis e eletrodomésticos de baixo valor. As vendas à vista, por sua vez, foram puxadas pelos segmentos de vestuário, bijuterias e produtos de beleza.
"Embora os aumentos entre as quinzenas de maio e abril pareçam expressivas, eles não se sustentam em tempos de crise, até mesmo porque as vendas costumam despencar após as datas festivas", explica Burti.

A preocupação do dirigente vem na esteira da queda da massa salarial e do aumento do desemprego, além dos fatores relativos ao crédito, como o aumento dos juros e a restrição a empréstimos.

Inadimplência

O Balanço de Vendas da ACSP também pesquisou a inadimplência na capital paulista. Na comparação com a primeira quinzena de abril, houve aumento de 10,1% no Indicador de Registro de Inadimplentes (IRI), que mede o número de carnês em atraso. Na comparação interanual, entretanto, houve queda de 6,1%.

Já o Indicador de Recuperação de Crédito (IRC), que aponta os cancelamentos de dívidas, apresentou alta de 12,4% na comparação entre a primeira quinzena de maio e abril deste ano. Na verificação contra a primeira quinzena de maio do ano passado, porém, o IRC registrou queda de 11,8%.

Esses números mostram que as quedas do IRI e do IRC no comparativo com 2014 são resultantes da diminuição da demanda de crédito por parte do consumidor. Em outras palavras - até mesmo pela conjuntura econômica do País - há menos pessoas fazendo compras. Contudo, as perspectivas futuras da inadimplência são de ligeira alta.

No entendimento da ASCP, o que realmente determinará se a inadimplência vai aumentar ou diminuir será o desemprego. "O desemprego é o principal fator. Mas a alta da taxa de juros também é um elemento que merece ser acompanhado atentamente, uma vez que pode acarretar na restrição de linhas de crédito a pessoas físicas tanto para vendas quanto para renegociações", afirma Alencar Burti.