terça-feira, 26 de maio de 2015

Vendas no varejo caem 8,4% no Estado no 1º trimestre. Entenda.

Em março houve queda de 9,8%; nos setores, maiores recuos nas vendas foram de produtos mais caros, dependentes de crédito, mas até artigos essenciais passaram a ficar no vermelho (farmácias e supermercados)

No primeiro trimestre de 2015, o comércio varejista do Estado de São Paulo viu suas vendas caírem 8,4% em relação a igual período de 2014. No mês de março também houve queda - de 9,8% - em comparação com o mesmo mês do ano passado. Já quando se analisa o acumulado de 12 meses, foi registrada diminuição de 2,1%. Os dados estão no Boletim nº 11 da pesquisa ACVarejo, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), e se referem às vendas físicas do varejo ampliado, que inclui concessionárias de veículos e lojas de material de construção.

Na capital paulista as vendas no varejo tiveram desempenhos parecidos com os do Estado, com recuos de 9,4% no trimestre, de 8,8% em março e de 3,3% nos últimos 12 meses, nas mesmas bases de comparação.

"Esses resultados mostram que a desaceleração nas vendas prossegue e se acentua. O comércio sofre os efeitos negativos do aumento da inflação, da diminuição da massa salarial, do crescimento do desemprego e da restrição ao crédito, resultando em queda da confiança do consumidor", analisa Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).

Em relação a fevereiro, os volumes comercializados em março no Estado e na capital apresentaram aumentos de 9,4% e 11,2%, respectivamente. Mas esses resultados mensais positivos não representam mudança na tendência de desaceleração das vendas pois estão bastante influenciados pelo maior número de dias úteis em março e pelo Carnaval em fevereiro.

Tendência para próximos meses

Segundo as projeções do Instituto de Economia da ACSP, a tendência é de aprofundamento na desaceleração das vendas no comércio paulista durante o segundo trimestre de 2015, podendo terminar o ano no campo negativo.

Setores: itens essenciais no vermelho

De acordo com o Boletim nº 11 do ACVarejo, todos os setores econômicos do varejo ampliado sofreram perdas nas vendas físicas no primeiro trimestre e em março, sobre iguais períodos de 2014, com destaque para os produtos de maior valor e mais dependentes de financiamento. As vendas nas concessionárias de veículos apresentaram quedas de 16,5% e 9,5% nessas duas comparações citadas, respectivamente. Em março sobre fevereiro de 2015 houve aumento sazonal de 20,4%.

Nas lojas de material de construção foram registradas perdas de 11,5% no trimestre e de 10,3% em março - em relação a 2014. Em março de 2015 ante o mês anterior foi verificado crescimento sazonal nas vendas (+7,8%).

No setor que abrange lojas de departamento, eletrodomésticos e eletroeletrônicos houve recuos de 9,5% no trimestre e 9,3% e em março, em comparação com 2014. Em relação a fevereiro de 2015 o avanço sazonal foi de 20% em março.

"Chama a atenção o fato de que até mesmo as vendas de artigos de uso mais essencial, das farmácias e supermercados, e de itens de menor valor, apresentaram contrações", observa Alencar Burti.

Nas farmácias e perfumarias as vendas caíram 1,1% e 0,6% no trimestre e em março em relação aos mesmos períodos de 2014. Nos supermercados as quedas foram de 4% e 8,5% nas mesmas comparações.

Regiões

O ACVarejo detectou quedas nas vendas físicas em quase todas as regiões paulistas, na comparação com 2014. A exceção foi o Alto do Tietê, que apresentou altas de 2,8% no primeiro trimestre e de 3,6% em março de 2015, comparando-se com o ano passado. Em março sobre fevereiro de 2015 houve alta sazonal de 11,3%.

O destaque no campo negativo ficou com o Litoral, cujo volume comercializado despencou 14,2% no trimestre e 22,7% em março, ante iguais períodos de 2014. Nesta região, até mesmo em relação a fevereiro de 2015 foi registrada queda (-3,8%) em março.

O ACVarejo é elaborado mensalmente pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP, com base em informações de faturamento do varejo enviadas pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.