segunda-feira, 18 de abril de 2016

Varejo gaúcho registra queda na abertura de lojas e aumento no fechamento de empresas

Dados foram apresentados ontem durante o Pós Big Show, evento promovido pela Gouvêa de Souza e EKF

Especialistas em varejo reuniram-se na última quinta-feira (14) em Porto Alegre no Pós Big Show 2016, trazendo aos empresários do setor tendências e novidades para incrementar o consumo. Promovido pela Gouvêa de Souza e pela EKF Participações, o evento também apresentou uma pesquisa apontando o cenário econômico de Porto Alegre, do Estado e da região, comparativamente a outros estados e ao país. Segundo os dados de abertura de empresas no ano passado, o Estado ficou na 21ª posição no ranking nacional. Já em termos de fechamento de lojas, o dado é igualmente negativo: o Rio Grande do Sul é o décimo Estado da federação que mais viu portas sendo encerradas.

Marcos Gouvêa de Souza, diretor da GS&MD, salienta como fator positivo a queda do endividamento da população, excetuando-se o ramo imobiliário. “O consumidor de forma geral aprendeu a lidar melhor com seu orçamento e há mais cautela no processo de concessão de crédito”, enfatiza.

Mas, apesar de encarar um cenário negativo sob o ponto de vista econômico, o segmento precisa apostar na inovação, no fortalecimento do marketing digital e no atendimento a todas as necessidades de seu cliente. Com essa síntese, o Pós Big Show reuniu nomes como o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, e a superintendente de marketing e vendas das Lojas Pompéia e Gang, Carmen Ferrão, além de um time de experts da Gouvêa de Souza e cerca de 450 varejistas gaúchos no Teatro do CIEE.

O Pós Big Show trouxe inúmeros cases de marcas que inovam, cativam e crescem. Para Carmen Ferrão, das lojas Pompeia e Gang, houve uma revolução muito grande por parte dos consumidores. “Agora, precisamos nos adaptar. A marca precisa trazer amor e engajamento, para que os clientes queiram voltar e comprar”, diz. Já o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, destacou que a inovação deve estar presente sempre, e cita a iniciativa do fundador do Walmart, Sam Walton, que instituiu pela primeira vez o código de barras. “O varejo passou a assumir a gestão de marca por meio de ações inovadoras. Outro exemplo vem da Apple, cujo diferencial passou da parte industrial para a loja, no contato com o consumidor”, destaca o empresário.

Manoel Alves Lima, da Fal Design, corrobora com a opinião dos varejistas, de que a inovação é peça chave para o sucesso. Entre essas novidades, uma que está ganhando força no exterior e já vem sendo utilizada no Brasil diz respeito aos miniformatos. A gigante de cosméticos Sephora, que normalmente tinha pontos de venda com áreas em torno de 800 metros quadrados, lançou a Sephora Flash, unidades com 300 metros quadrados onde as consumidoras encontram apenas produtos para teste – após a compra, o cosmético é entregue na casa da cliente.

A necessidade do ser humano de conviver em sociedade e seu costume de dividir-se em “tribos” é outro aspecto a ser visto, segundo o consultor. “Temos que entender quem é a nossa tribo, quem é o nosso cliente, e entregar o que ele necessita”, aponta. Um case a ser seguido é da norte-americana Tom´s, que propôs a seus clientes o conceito ‘one for one’: a pessoa compra um sapato e a empresa doa outro para alguém que necessita.

Millenials - Todas essas propostas e inovações devem ter como foco o cliente. Mas, um em especial vem se destacando tanto em seu poder de compra quanto na sua influência junto a outros consumidores. Trata-se dos Millenials, grupo de pessoas nascidas entre 1980 e 2000, extremamente exigentes, sempre conectadas e com alto consumo. Para o diretor da Gouvêa de Souza, Luiz Alberto Marinho, este público quer mais do que simplesmente comprar: quer uma experiência. “Os millenials podem ser definidos em três palavras: now (agora), why (por que) e me (eu). Eles são imediatistas, narcisistas e defendem uma causa: querem ser encantados, querem ter experiências dentro de uma loja”, enfatiza.

E-commerce – Tendo os Millenials como influenciadores e grandes compradores, que vivem em um ambiente digital, o varejo precisa adaptar-se e migrar cada vez mais para este formato. Para a diretora de E-Commerce da Gouvêa de Souza, Caroline Giordani, a proposta multicanal de venda no varejo já acabou. “Temos um cliente que transita em diferentes plataformas. E, no momento em que as vendas do e-commerce aumentam, não faz sentido ter as plataformas apartadas. Temos que ser omnicanal”, reforça. A Nike, por exemplo, investiu neste caminho e viu suas vendas dos canais digitais aumentarem em 56% no ano passado.

Mas o foco no mobile não pode ser apenas no cliente, frisa Caroline. “Temos que pensar também em quanto a tecnologia pode auxiliar a equipe para que ela feche a venda.” Como case, ela cita a Magazine Luiza, que criou uma área no ambiente mobile em que o vendedor pode fechar a venda sem que o cliente precise ir ao caixa.

A inteligência de dados e a nova era do marketing digital foi o foco da palestra do CEO da Wroi, Fabio Sayeg. Ele também cita os consumidores da geração Millenials como foco potencial e necessário dos lojistas. “O que vemos é que as pessoas usam os aplicativos para se conectar à empresa, ou à marca”. Exemplo básico de como escutar o consumidor é ficar atento, por exemplo, a memes da internet. Caso da marca Reserve que imprimiu camisetas com uma frase da cantora Ivete Sangalo, “Quem é essa aí, papai?”. O produto superou todas as expectativas da marca, sendo vendido em todo o Brasil. Só ter um produto não basta. É preciso encantar, ter foco, inovar.

Novos eventos dirigidos ao varejo devem ocorrer no próximo semestre, fruto da parceria entre a paulista Gouvêa de Souza e a EKF Participações, de Porto Alegre.