sexta-feira, 29 de abril de 2016

Viu essa? Sorveteria deixa clientes pagarem sozinhos e sofre prejuízo

Resultado dos primeiros 15 dias será colocado em placa e no Facebook; ação continuará

A Alpi resolveu confiar nos clientes e pôs sobre o freezer uma caixa para depósito voluntário de valores

Em meio a tantas reclamações de corrupção na política, quase um quinto do público submetido a um simples exercício de honestidade, em Santos, cedeu à tentação e não foi correto. O resultado está exposto na Alpi Gelateria, localizada na Rua Pedro Américo, 137, no Campo Grande, em Santos, que há 15 dias colocou sorvetes fora da loja, convidando os consumidores a deixar o pagamento na urna e se servirem. No total, 16% dos pagamentos foram “esquecidos”, segundo a contagem da loja.

O cenário era simples. Em vez de a pessoa entrar, se dirigir a um funcionário e pagar pelo produto, ela se dirigia a um freezer, onde acima dele há um banner com os seguintes dizeres: “A Alpi acredita em um País sem corrução. Pegue seu sorvete e deposite o pagamento no caixa ao lado”. Mesmo quem pegasse o sorvete e saísse sem pagar, não seria abordado pelos funcionários.

A gerente da loja, Sandra França, explica que hoje será colocada outra placa na frente do estabelecimento, com o resultado da contagem, além de publicação no Facebook. E a ação continuará.

“Até achei que ia ser maior a quantidade (de não pagantes), mas fiquei satisfeita com o resultado. Acredito que esse número (os 16%) deve diminuir. Na verdade, foi mais por parte de molecada que sai do colégio e pega o sorvete”, explicou ela.

Só 2%

Na Universidade Tecnológica Federal de Cornélio Procópio, no Paraná, de onde a ideia foi copiada, a taxa de calote foi de 2%, mesmo com o dobro de tempo de exposição. Lá, foram 2.400 sorvetes em um mês.

Darrell Champlin, antropólogo e professor universitário, achou os 16% santistas uma taxa altíssima, apesar de a ação não poder ser considerada um estudo e, portanto, não mostrar a realidade como um todo, cientificamente.

“Isso mostra que praticamente um quinto da população que efetivamente participou da provocação, está pouco ligando para a corrupção”, diz Champlin.

Para ele, a divulgação dos resultados deve gerar impacto positivo para as próximas semanas. “O povo tende a ter o que chamamos de instinto de manada, que é seguir o exemplo. Ou seja, se todo mundo estivesse roubando o sorvete, mais gente ia roubar. Mas como 84% ainda é a maioria, será melhor seguir o que faz quatro, de cada cinco pessoas”, aposta.

Fonte: A Tribuna