terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Uma realidade e vários pontos de vista

Olhando de longe, parece que o ano terminou bem para a economia do Brasil. A inflação segue estável, apesar dos reflexos do aumento da carne e de outros itens, o varejo de alimentos cresceu, o desemprego caiu um pouco.

As demais reformas (Administrativa e Tributária) seguem em construção no Congresso, cada uma no seu ritmo, com a da Previdência já valendo.

Por falar em construção, tivemos um pouco de impulso do governo à infraestrutura, com obras sendo finalizadas, inclusive envolvendo as malhas ferroviária e portuária, essenciais para o País, além de projetos de energia, óleo e gás. Some-se a isso o desejo de diminuir o número de estatais, e o avanço na agenda de concessões e privatizações.

Alvaro Furtado, do Sincovaga
Se fala até em aumento para o PIB em 2020 em torno de 2% e tomara que chegue a 3%, pois seria excelente recuperar um pouco do tempo e do desenvolvimento perdidos nos últimos anos.
A quem se propõe ver mais de perto, porém, os nossos problemas saltam aos olhos. Não é mais possível ignorar o enorme déficit social, para o qual é urgente direcionar os recursos advindos dos eventuais cortes no estado.

Nesse sentido, é louvável a iniciativa do BNDES de investir mais em saneamento básico, por meio do PPI (Programa de Parcerias para Investimentos), pois um País tão rico não pode ter 13 milhões de pessoas sem um banheiro sequer e em torno de 100 milhões sem acesso a rede de coleta de esgoto.
A recessão econômica transformou a informalidade, que vinha caindo desde o início dos anos 2000, em solução para o desemprego. Essa situação deve ser combatida nos seus efeitos, mas sobretudo nas suas causas. A informalidade prejudica a arrecadação de impostos, assim como um trabalhador informal, até por não conseguir investir em sua qualificação, torna-se obsoleto e pouco produtivo, enquanto o mercado de trabalho é cada dia mais exigente e tecnológico.

Se por um lado as reformas voltaram a andar, por outro a pressa em algumas situações demandou a correção de rotas, em razão de equívocos e falhas. Reflexo de um Congresso renovado, mas também comemorado por isso. Um verdadeiro caleidoscópio de pessoas, que tem na medida do possível dado respostas na direção que a sociedade espera, até mesmo vetando propostas do Executivo.
Em geral, a expectativa do setor produtivo é que o crescimento volte em 2020, na velocidade da entrega de resultados políticos e econômicos. A reforma tributária daria um importante impulso ao ambiente de negócios, colaborando para torná-lo mais propício à injeção de recursos, ao investimento internacional, com maior geração de emprego e renda, e consequentemente, consumo. Esse conjunto de fatores garantiria uma recuperação mais sustentável ao País.

Vamos trabalhar, e torcer.

Artigo escrito por Alvaro Furtado, presidente do Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo)