quarta-feira, 12 de agosto de 2020

T-Commerce, Live Commerce, e as novas formas de varejo digital

Dois anúncios recentes chacoalharam o varejo digital. Enquanto muitos players ainda ensaiam seus primeiros passos nas vendas digitais, com decisões pressionadas e aceleradas pela pandemia e seu novo contexto de compra e consumo, Magazine Luiza e Via Varejo anunciaram na última semana novas soluções e serviços que destacam mais ainda o protagonismo que algumas marcas estão conquistando em meio à todo o cenário que estamos vivenciando.

No caso da Via Varejo, foi anunciado o “T-Commerce”, onde o “T” representa a televisão como um meio para que a compra ocorra, em uma incrível parceria com a Rede Globo e alguns de seus programas. Se a rede de lojas, que há um bom tempo já vem intensificando e inovando suas ações de merchandising apostando nas novelas, chegando até mesmo a colocar seu garoto propaganda interagindo com os atores não somente nos comerciais, mas também durante a trama, trouxe através da parceria com uma mediatech (termo para designar uma startup de tecnologia voltada à soluções de mídia), uma solução que permite que em programas específicos as pessoas possam comprar algo que está sendo mostrado durante a trama, como por exemplo, os móveis que compõem o ambiente, ou os eletrônicos que estão sendo utilizados pelos atores ou apresentadores do programa.

Diferente de programas e canais como Shoptime ou Polishop, a novidade permite que as ofertas possam ser acessadas por controle remoto, ou como segunda opção, utilizando um QR Code na tela, o consumidor possa ir até onde se encontra o produto no site da marca e concluir sua compra.

Embora esse recurso do QR Code tenha se difundido até mesmo em algumas lives, seja para compra ou para a doação, isso não significa que seja ainda o que se tem chamado de Live-Commerce.

A grande diferença para o Live Commerce, como se tem visto em alguns exemplos na China, e que em breve podem começar a aparecer por aqui, seja por startups, ou até mesmo por redes sociais, como o Instagram ou o badalado TikTok, é que no Live Commerce, a visualização e a compra se dá no mesmo ambiente, sem a necessidade de você precisar interromper a jornada para ir a um outro site ou aplicativo para concluir seu pagamento. Talvez algo que possa ser visto também em um breve futuro como Voice Commerce, onde com um simples comando de voz, você poderá comprar algo que falta para sua casa, ou que você esteja procurando, sem precisar entrar em um site ou utilizar cartões ou outros meios de pagamento. Uma vez registrados, e com o comando certo, a compra é realizada.

Pensando nisso, vamos ao segundo destaque que mencionei no começo do artigo, sobre Magazine Luiza. Há na verdade duas questões interessantes e recentes da empresa que merecem destaque. A primeira delas é a notícia cada vez mais contínua de novas aquisições, principalmente de startups e empresas de tecnologia, que levam a empresa a se tornar cada vez mais um ecossistema, se inspirando em modelos como Alibaba e Amazon. Na última rodada de aquisição, duas empresas que fortalecem a empresa no campo de mídia. Interessante dizer que a empresa que tem sido cada vez mais uma referência nesse sentido, na contramão (ou talvez complementariedade) disso, também já é reconhecida como uma das maiores referências no varejo quando o assunto é o desenvolvimento próprio de soluções, com o Luizalabs.

Mas somando todas as questões, é interessante ver como a empresa se antecipa em alguns movimentos. De olho no badalado Tik Tok, a empresa lançou recentemente seu canal na plataforma, intensificado por ações que tenham alguma relação com a garota-propaganda da marca, a Lu, e que já conta com quase 50 mil seguidores. Talvez de olho em um canal que possibilite em breve ações de live commerce, a empresa busca antes fincar bandeira nesses novos canais.

Embora sejam grandes players, com capacidades de investimento e implementação diferentes da realidade da grande maioria das marcas de varejo, há nas questões acima, importantes aprendizados para todas as marcas, não importando o porte ou segmento:

  • Algumas estratégias estão são mais sobre “fazer” do que sobre “investir”, como nos casos das redes sociais – o que você ainda está esperando para encontrar seu espaço em alguma delas?
  • A compra cada vez mais racional pelo meio digital, irá buscar nas mídias e na interatividade com o consumidor o relacionamento para compras mais emocionais (como no relacionamento com avatares digitais), como a compra por impulso, levando à melhores vendas.
  • Para novos canais, parcerias e oportunidades a serem testados, vale a máxima de que o tentar irá sempre valer a pena, principalmente se o erro for encarado como um aprendizado, valendo também a regra do “errar rápido”.
  • As transformações de mercado que antes levavam anos, levam agora semanas. Os modelos de negócio estão mudando rapidamente, e empresas que entendem e empregam energia em sua resiliência, ganharão o espaço de empresas mais resistentes a mudanças.
  • Estar no digital pode ser a diferença entre quem você é quem você deseja ser em seu mercado.

Um grande abraço e boas vendas!

Caio Camargo
Editor | falandodevarejo.com


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