quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Como o varejo pode contribuir para a preservação do meio ambiente

Por Rosangela Bacima*

Sustentabilidade é um diferencial de posicionamento e competitividade, um objetivo para qualquer tipo de empresa e deve estar no centro do negócio. Não é preciso deixar para depois ou esperar que outras prioridades estejam resolvidas para então pensar a respeito. Os resultados e benefícios serão reais e crescentes, tanto para a empresa, como para a sociedade, num verdadeiro “ganha – ganha”.

Mas é preciso reafirmar a importância da liderança na efetividade da estratégia de sustentabilidade das empresas. Se quem decide não tiver esta visão ou não estiver convencido do valor para o negócio, tudo isso não irá passar de ideologia ou de idéias acadêmicas de pouca utilidade prática.

Na prática, integrar aspectos econômicos, ambientais e sociais diminui custos, principalmente futuros, reduz riscos, evita desperdícios, gera lucros. E ainda, num investimento de longo prazo, constrói relacionamentos sólidos e duradouros com os públicos da empresa, em especial colaboradores, clientes e comunidade do seu entorno, criando com eles vínculos de confiança e lealdade.

Como? Vamos tomar o setor de varejo como exemplo, onde empresas de qualquer porte têm processos sustentáveis mais rentáveis para implantar. Começando pela construção “verde”, assim denominada porque privilegia a preservação ambiental como critério para projetos e obras de lojas, com iluminação natural, materiais de origem certificada, pé direito mais baixo, reuso de água, descarte de entulho etc. A construção sustentável tem um custo em média 15% mais alto, mas se justifica pela redução de custos operacionais já em curto prazo. Em 50 anos, a redução pode chegar a 80%.

Na mesma linha, programas de eficiência energética não só reduzem despesas com iluminação e equipamentos de refrigeração, como buscam formas alternativas de geração e utilização de energia.

Na logística e na operação da loja, iniciativas como o descarte de embalagens junto a cooperativas e indústrias de reciclagem geram emprego e renda. E trazem economias, que, em muitos casos, são revertidas para investimentos sociais da empresa, especialmente ligados à educação de crianças e jovens, projetos comunitários e conscientização ambiental.

O impacto ambiental do varejo é pequeno, quando comparado ao produzido por indústrias que usam recursos naturais ou emitem enormes quantidades de gases de efeito estufa. Assumindo, porém, um trabalho de mobilização e conscientização no consumo, muitas redes estimulam uma mudança cultural importante junto aos consumidores, comercializando sacolas retornáveis, disponibilizando caixas de papelão para acondicionar as compras, desenvolvendo sacolas plásticas mais resistentes, mais caras, mas mais econômicas pela utilização em menor quantidade.Ainda envolvidas em divergências e polêmicas sobre sua efetiva contribuição ao ambiente, sacolas plásticas que se degradam em contato com o ar, num prazo de até seis meses, vem sendo utilizadas especialmente por lojas de não – alimentos. Consumidores têm se tornado cada vez mais conscientes e engajados, participando ativamente de programas de coleta seletiva de embalagens pós-consumo, adquirindo produtos orgânicos, produtos de marca própria sustentáveis ou de manejo sustentável, vindos de comunidades, cooperativas e associações de artesãos.

Junto a fornecedores há frentes importantes, como a negociação para redução de tamanho e utilização de matéria-prima certificada nas embalagens, exigências contratuais proibindo práticas trabalhistas ilegais e discriminatórias.

Colaboradores também podem ser alvo de práticas interessantes, desde a adesão a programas de voluntariado e relacionamento comunitário até o estímulo à participação no processo de sustentabilidade.

A empresa pode, ainda, posicionar-se como “parceira” na solução de problemas locais e no desenvolvimento das comunidades em que atua, investindo no futuro.

Desta forma, com mentalidades “antenadas” na evolução da sociedade, conscientes do atual papel das empresas no mundo e ainda, com sua crença na proposta da sustentabilidade, empresários e executivos de vanguarda irão comemorar algo ainda visto por muitos como inconciliável: resultados e benefícios para o negócio ao lado de resultados e benefícios para a sociedade e o ambiente.

(*) Rosangela Bacima é consultora da Associação ECR Brasil