sexta-feira, 27 de março de 2009

Entrevista: Sylvia Demetresco - Vitrinas

Ola a todos.

Recebo ocasionalmente algumas perguntas sobre vitrinas e como a melhor forma de trabalhar com estas.

De forma a resolucionar algumas dúvidas dos leitores, o FALANDO DE VAREJO convidou a Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e especialista em Visual Merchandising Sylvia Demetresco, uma das maiores autoridades sobre o assunto do país.

Falando de Varejo: Ola Sylvia. Primeiramente, uma dúvida comum: O que é correto dizer? Vitrine ou vitrina?

Sylvia Demetresco:
O termo correto é vitrina, pois esta é a denominação correta na língua portuguesa. Vitrine é uma palavra francesa assim como lingerie, abat-jour etc.
FV: Quais são os principais conceitos utilizados na montagem de uma vitrina eficaz? Resumidamente, o que é importante considerar em iluminação, manequins, comunicação visual, etc?

Sylvia: Eu acredito que o mais importante é sempre atrair o consumidor para o interior da loja e para isso não é só a loja, a marca ou o produto que contam. O posicionamento da marca já se inicia desde a fachada, logotipia, as embalagens, a produção da vitrina, o serviço e o atendimento, e até mesmo nos mínimos detalhes como a sacola ou a etiqueta de preço do produto. Tudo isso é importante.
Os manequins devem estar de acordo com o produto e o posicionamento da marca e hoje se encontram à disposição uma variedade imensa de modelos
A luz é o elemento mais importante e deve ser sempre bem projetada, de acordo com o produto exposto.

FV: Vitrinas servem somente a varejos de alto padrão? Qual a diferença de conceitos entre uma vitrina de loja popular e de uma loja de alto padrão? Como diferir a informação passada ao consumidor?

Sylvia: Basta mostrar o produto e qualquer consumidor já sabe a diferença entre o luxo e o popular, mas tanto varejos de luxo, quanto varejos populares merecem e precisam de vitrinas bem feitas. Joãozinho Trinta já dizia em sua célebre frase (citando a frase: “Quem gosta de pobreza é intelectual, pobre gosta é de luxo”) o quanto o consumidor popular aprecia o luxo ! Então que seja montada a vitrina! A diferença na montagem se faz pelos materiais, pela iluminação e pelo tema, isto é: tudo mais sofisticado no luxo. No popular o tema será mais simples e compreensivo, os materiais mais simples e a iluminação mais forte e focada.

FV: Vitrinas servem para todo tipo de varejo? Em sua expertise, existe algum tipo de formato no qual a vitrina em si não funciona?

Sylvia: Acredito que a vitrina funciona sempre, pois até o momento não conheci nenhum tipo de varejo a qual uma boa vitrine não funcionasse. Já realizei trabalhos até mesmo expondo instrumentos hospitalares e cadeiras de rodas!

FV: Em sua opinião, quais as tendências para montagem de vitrinas no futuro? Haverá um grande impacto, por conta de novas tecnologias, como telas touch-screen ou monitores de LCD?

Sylvia: Já montamos vitrinas com essas técnicas com meus alunos da Suíça, e estas acabam funcionando tão bem quanto as outras. Há um momento de hiper visualização e depois as pessoas se cansam e buscam outra coisa, e isso vale tanto para consumidores quanto lojistas. No último Natal, realizamos um trabalho com as lojas da Nespresso na Suíça, onde o resultado foi um sucesso, mas agora já voltamos a montar coisas mais simples, sem tecnologias sofisticadas...com os mesmos resultados.
Isso funcionou também para a “5 à Sec”, conhecida rede de lavanderias. Veja que mesmo em um serviço que possa ser considerado simples ou popular, e possível se criar vitrinas e utilizar equipamentos e tecnologias de ponta. Finalmente, deve-se buscar qualquer coisa que seduza o cliente para a montagem das vitrinas, buscando sempre se adequar ao perfil deste.

Sylvia Demetresco é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, com pós-doutorado em Semiótica no Instituto Universitário da França, em Paris. Professora de Visual Merchandising do universo do luxo na Ecole Supérieure de Visual Merchandising, em Vevey, na Suíça; professora da Universidade Anhembi Morumbi e do IBModa, em São Paulo; editora da revista internacional INSPIRATION, especializada em visual merchandising, na Suíça; professora na escola do luxo ISTEC, em Paris e, autora de vários livros sobre vitrinas, entre outros: "VITRINAS ENTRE_VISTAS : MERCHANDISING VISUAL" e "VITRINAS:CONSTRUÇÃO DE ENCENAÇÕES", pela editora Senac e "VITRINAS EM DIÁLOGOS URBANOS", pela editora Anhembi. Atualmente, vive em Paris, na França, e mantém o site VITRINA (www.vitrina.com.br).