quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pesquisa da Fecomercio revela que refrigerador pago a prazo pode custar R$ 220,26 a mais do que o comprado à vista

Maioria da população desconhece que compra parcelada sem juros também tem alíquota embutida; Federação orienta o consumidor a fazer pesquisas e analisar as ofertas

Pesquisa da Fecomercio com 9 grandes redes varejistas aponta que a diferença de preço entre o pagamento à vista e a prazo de um refrigerador da mesma marca, por exemplo, é de até R$ 220,26. Se uma geladeira com menor valor à vista (R$ 971,10) for parcelada em 12 meses de R$ 99,28, conforme anúncio, o valor do produto pode chegar a R$ 1.191,36. Ou seja, a suposta compra parcelada “sem juros” pode esconder uma surpresa: um juro mensal de 3,3% e anual de 48%.

Outro dado apontado pela pesquisa é a diferença de preços que existe entre os produtos: o mesmo refrigerador pode ter uma diferença de até R$ 158,45 de uma loja para outra. “O consumidor deve pesquisar bastante antes de efetivar a compra. Nas suas pesquisas – nos casos estudados pela Fecomercio - ele pode achar produtos vendidos com um juro mensal que vai de 1,7% (22% ao ano) a 3,3% (44% ao ano)”, afirma Antonio Carlos Borges, diretor executivo da Fecomercio.

O mesmo vale para o levantamento da entidade realizado com a televisão LCD 40 polegadas de mesma marca. Enquanto o menor valor à vista é de R$ 2.245,92, o maior valor a prazo em 12 vezes chega a R$ 2.697,00, - uma diferença de R$ 451,08. Essa diferença revela um juro mensal embutido de 2,9% (41% ao ano) entre esses preços. A pesquisa também aponta que, se o consumidor ficar atento, a diferença entre o menor valor à vista e o pagamento a prazo pode diminuir e chegar a R$ 161,08, resultando que reduziria o juro mensal embutido na compra para 1,1% ou 14% ao ano.

Prazo do parcelamento
O levantamento da Fecomercio mostra também que quanto maior a taxa de juros, menor é a vantagem para o alongamento do prazo para pagamento. Na análise da entidade com automóveis no valor de R$ 50,000,00 financiados em 100 meses, o valor final do veículo com juros de 13%, 20% e 35% ao ano totaliza R$ 79.328,72, R$ 96.852,84 e R$ 136.559,39 respectivamente.

No caso dos juros de 35% ao ano, que é a média efetiva do mercado, a diferença do valor da prestação entre um financiamento de 72 parcelas e um de 100 prestações é de apenas R$ 138,62, ou seja, o consumidor em vez de pagar R$ 108.302,99 em 72 parcelas R$ 1.504,21, pagará R$ 136.559,39 em 100 parcelas de R$ 1.365,59. Serão 28 meses e R$ 28.256,40 a mais pagos por uma redução ínfima de cada parcela.

Se a análise for feita no financiamento de habitação, o quadro pode ser ainda mais revelador. Um imóvel no valor de R$ 100.000,00 parcelados em 360 meses com juros de 12% ao ano sai por R$ 350.474,47 em prestações de R$ 973,54. O mesmo imóvel, financiado em 300 meses custará ao comprador R$ 300.126,51 em prestações de R$ 1.000,42. Ou seja, uma redução de apenas R$ 26,88 por parcela, que custará cinco anos e R$ 50.347,96 a mais de pagamentos.

“O consumidor deve negociar para conseguir a melhor taxa de juros, pois a alíquota maior financiada em mais vezes reduz muito pouco o valor da parcela. Na prática, o consumidor passa mais tempo pagando mais juros e amortizando pouco. Nem sempre alongar o prazo de pagamentos é a melhor solução. O segredo para a melhor compra ainda é a pesquisa”, finaliza Borges