segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Supermercados e Comércio Automotivo puxam alta do faturamento do comércio varejista em setembro, indica Fecomercio

Queda do desemprego e melhora do crédito e da renda foram fatores chaves para o bom desempenho do comércio na Região Metropolitana de São Paulo

Em setembro, as vendas do comércio varejista na Região Metropolitana de São Paulo cresceram 6,1% em relação a igual mês de 2008, aponta a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista da Fecomercio (PCCV). No acumulado do ano, o crescimento atinge 1,3%. A alta foi puxada por setores de grandes pesos no varejo: Supermercados (14%) e Comércio Automotivo (1,9%). Em terceiro lugar vem Farmácias e Perfumarias, com crescimento de 6,2% em relação a setembro de 2008.

A contínua melhora das variáveis que determinam o consumo - renda, emprego e crédito – foi fator chave para o bom resultado desses três setores em setembro. Neste mês, a massa de rendimentos na Região cresceu 2% ante o mesmo período de 2008, e o desemprego decresceu de 9,1% em agosto para 8,7% em setembro. Além disso, houve melhora significativa nas concessões de crédito, acumulando no ano alta de 12,4%.

“Levando-se em conta o aumento da confiança do consumidor e sua declarada intenção de consumo, a tendência é registrarmos um crescimento expressivo nesses últimos três meses de 2009”, avalia Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio.

O setor de Supermercados, em setembro, teve o melhor desempenho dos outros sete setores que compõem a PCCV, com crescimento de 14% ante a igual mês de 2008. No último trimestre deste ano, o segmento também se destaca principalmente pelo seu fraco comportamento no mesmo período do ano passado, quando se desencadeou a crise internacional, o que faz com que a base comparativa seja fraca. O segmento acumula no ano crescimento de 8,6%.

Já a alta do Comércio Automotivo deve-se a uma antecipação do consumo, dado a volta progressiva do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O segmento se recuperou, em setembro, da queda registrada em agosto, com incremento de 1,9% em relação àquele mês. Carvalho acredita que o setor deve mostrar comportamento mais estável, comparativamente ao ano passado, e o consumidor ainda deve continuar sendo beneficiado por preços promocionais, dada a intenção dos fabricantes de carros em manter os preços dos automóveis sem o repasse total do retorno do IPI.

Pela primeira vez no ano, o resultado do setor de Farmácias e Perfumarias ficou abaixo dos 10%. Mesmo assim, em setembro, o segmento teve alta de 6,2% em relação a um ano atrás, acumulando no ano alta de 11,2%.

Além da elevação da massa de rendimento e da melhora no crédito, Farmácias e Perfumarias ofereceu maior diversidade de produtos e houve um aumento da procura por genéricos. Nos próximos meses, a tendência é crescer a taxas moderadas.

Sentido inverso

Revertendo a ligeira recuperação registrada no mês de agosto, as Lojas de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos voltaram a sofrer queda nas vendas. Em setembro, o faturamento do segmento caiu 1,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em nove meses, o setor acumula queda de 8,7%.

Carvalho explica que o resultado negativo do setor é influenciado pela desvalorização do dólar, pela demanda ainda fraca e pelo efeito apenas parcial da redução do IPI sobre a linha branca. “A expectativa é de que o segmento recupere parte do resultado negativo com as vendas de Natal, dada a forte sazonalidade que existe no período”, afirma o economista. Ele observa que dificilmente será possível uma recuperação a ponto de reverter totalmente os resultados negativos apurados em 2009.

As Lojas de Material de Construção também continuaram a registrar queda nas vendas. Na comparação entre setembro de 2009 e setembro de 2008, a queda foi de 1,3%. Já no acumulado no ano, a queda é ainda mais acentuada: -7%.

Apesar das previsões de reaquecimento do mercado de imóveis para o final deste ano, as vendas do setor devem demorar um pouco mais para sentir os resultados positivos, uma vez que, de acordo com a lógica da cadeia produtiva, primeiro ocorre o aquecimento nas vendas de imóveis para depois se refletir nas vendas do varejo de materiais de construção. “A tendência é de que para o final deste ano, as vendas do setor sejam relativamente fracas, ainda que, no comparativo ao mesmo período do ano anterior, possa ocorrer uma ligeira recuperação”, afirma Carvalho.
As Lojas de Departamentos registraram queda de 1,7% em setembro ante a redução de 3,8% em agosto. Mesmo com duas quedas consecutivas no faturamento real, o setor atinge alta de 5% no acumulado de 2009.

O consumidor tem destinado parte de sua renda aos gastos com alimentos, mais especificamente nos Supermercados, explica Carvalho, o que implica na redução nas vendas de outros segmentos, entre eles as Lojas de Departamentos. Para os próximos meses, os preços tendem a se manter em queda e as vendas podem ser levemente aquecidas devido à prorrogação da redução do IPI para a linha branca de eletrodomésticos.

O faturamento real da atividade de Vestuário, Tecidos e Calçados registrou queda de 6,1% em setembro, ante os -0,4% em agosto. Em julho, o segmento havia acusado estabilidade, com variação de -0,01%. No acumulado do ano, o setor atinge queda de 4,5%. A entrada da coleção primavera-verão causou pressão de alta nos preços dos artigos de vestuário, reduzindo as vendas.

Um fator importante a ser avaliado no desempenho das vendas de Vestuário, Tecidos e Calçados é a forte base de comparação com o ano anterior, quando o indicador atingiu incremento de 18,2% no acumulado do ano.

As Lojas de Móveis e Decorações aumentaram as suas perdas em setembro, registrando queda de 8,9% em relação a setembro de 2008. No acumulado no ano, o resultado é negativo em 5,6%.
Para Carvalho, a expectativa é de que as vendas das Lojas de Móveis e Decorações devam melhorar gradualmente, mas não o suficiente para reverter o resultado fraco até o final do ano. “O quadro daqui para frente dependerá da oferta de crédito, bem como do desempenho do setor imobiliário”, avalia.

Sobre a Fecomercio

A Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa 152 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 600 mil empresas e respondem por 11% do PIB paulista – cerca de 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.