quinta-feira, 29 de abril de 2010

Alimentos impulsionam alta de preços, destaca Fecomercio

Ritmo de aumento do Índice de Preços no Varejo (IPV) continua desacelerando em São Paulo e fecha março em 0,22%

O Índice de Preços no Varejo (IPV), calculado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), apresentou alta de 0,22% em março na comparação com o mês anterior. O indicador havia registrado impulso de 0,28% em fevereiro e 0,63 em janeiro, acumulando, portanto, elevação de 1,13% no primeiro trimestre de 2010. Nos últimos 12 meses, a variação foi de 1,68%.

Apesar das variações registradas pelo IPV no primeiro trimestre do ano indicarem clara tendência a desaceleração no ritmo de aumento dos preços no Varejo, em março, somente cinco dos 21 grupos analisados pelo indicador apresentaram recuo em seu nível de preços médio: Combustíveis e Lubrificantes; Drogarias e Perfumarias; Eletroeletrônicos; Móveis e Decorações; e Veículos.

Para Júlia Ximenes, assessora econômica da Fecomercio, a retração percebida nos preços do setor de Combustíveis e Lubrificantes é a que mais merece atenção. Segundo a economista, o início da nova safra, a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), e a menor quantidade de álcool combustível na composição da Gasolina (que passou de 25% para 20%) foram os fatores decisivos para este resultado. “Com queda de 2,3%, o grupo deixou de ser o vilão dos preços no varejo”, destaca.

Em março, o preço dos combustíveis cedeu, em média, 2,4%. A gasolina ficou 1,13% mais barata e o Etanol, 10,18%. Contudo, Júlia afirma que o segmento já sente uma leve pressão para os próximos meses, uma vez que altos níveis de umidade vem sendo registrados nas áreas de plantio da cana-de-açúcar, o que prejudica o processo de moagem. “Essa umidade, entretanto, não deve forçar os preços como as fortes chuvas que prejudicaram as safras passadas”, pondera.

O setor de Veículos, mesmo sem o benefício fiscal concedido pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), manteve a trajetória dos últimos meses e, em relação a fevereiro, viu os preços dos automóveis novos, dos automóveis usados e das motocicletas usadas encolherem 0,57%, 0,39% e 0,32%, respectivamente.

O termino da redução do IPI para o segmento de Móveis e Decorações também não afetou negativamente os preços desta área, que teve recuo de 0,72% em março. Já os equipamentos Eletroeletrônicos registraram queda de 0,63%, em média. Sendo os decréscimos de 0,66% nos preços de produtos de Imagem e Som e de 0,65% nos preços dos produtos de Informática, as variações mais relevantes para o setor durante o último mês.

Além destes, o segmento de Drogarias e Perfumarias também teve queda em março, atingindo valores 0,09% inferiores aos registrados em fevereiro. Entretanto, Júlia adverte que este quadro deve mudar em abril. “Por uma decisão do órgão regulador do setor, desde 31 de março, os preços dos medicamentos foram reajustados”, informa.

Vilão da História


Entre os setores do comércio varejista que apresentaram elevação nos seus preços médios, o de Alimentos é o que merece maior destaque. Segundo a economista, este foi o setor que mais empurrou a alta do IPV em março. Os produtos alimentícios vendidos em mercados ficaram, em média, 1,03% mais caros, e os vendidos em feiras, 1,77%. Contudo, alguns desses produtos apresentaram uma variação muito maior, como os legumes, que tiveram alta de 13,5% nas feiras e de 21,52% nos supermercados.

Com a chegada das novas coleções de outono-inverno às vitrines das lojas, os artigos para vestuário, que nos meses anteriores apresentaram recuo graças às queimas de estoque, registraram alta de 0,34% em março. As roupas infantis foram as peças que tiveram a maior elevação em seus preços, 1,4%. Os preços dos calçados e acessórios de vestuário saltaram 0,57%. Já os artigos de cama, mesa e banho e as roupas femininas acusaram leve variação de 0,22%.

Observando os resultados do IPV no primeiro trimestre de 2010, Júlia destaca a tendência de que os gastos com alimentos continuem subindo nos próximos meses, reflexo das perdas que as chuvas do começo do ano causaram às lavouras. Segundo ela, os preços dos combustíveis também devem ter um ligeiro incremento em abril, sem, contudo, alcançar os patamares vistos anteriormente. “Com isso, ‘vilão da história’ passará a ser o segmento alimentício”, vaticina.

Outros setores que, em março, registraram elevação em seus preços: Eletrodomésticos (1,09%), Material de Construção (0,34%), Autopeças e Acessórios (1,18%), Açougues (0,36%) e Material de Escritório e outros (0,69%).

Nota Metodológica

O Índice de Preços no Varejo (IPV) é apurado mensalmente pela Fecomercio desde 1992, tendo sido atualizado periodicamente de forma a se manter moderno e adequado ao perfil do varejo. Os dados são coletados junto a cerca de 2.000 estabelecimentos comerciais no município de São Paulo, contemplando 21 segmentos varejistas e 450 subitens pesquisados. A pesquisa conta com uma amostra mensal de aproximadamente 105 mil tomadas de preços. O indicador tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no comércio varejista em seus vários ramos de atividade. Os resultados obtidos, de forma bastante ampla e precisa, são úteis para o acompanhamento da variação de preços ao longo do tempo em diferentes setores do varejo, além de permitir a análise da evolução dos custos ao consumidor de acordo com o tipo específico de consumo. Permite também à indústria conhecer a evolução dos preços praticados no varejo, auxiliando na determinação de margens adequadas para a formação do preço de venda.