quinta-feira, 6 de maio de 2010

Supermercados abrem 20 mil vagas

Na disputa pelo acirrado mercado do varejo, as grandes rivais supermercadistas —Grupo Pão de Açúcar (GPA), que lidera o segmento, a francesa Carrefour, vice-líder, e a norte-americana Walmart, na terceira posição no País— têm forte projeção de crescimento em número de unidades, e prometem até o fim do ano a abertura de diversos pontos-de-venda, que irão gerar mais de 20 mil empregos.

Neste primeiro trimestre do ano apenas, a geração de empregos no varejo nacional teve alta de 50% em relação ao mesmo período do ano passado, no Centro de Solidariedade ao Trabalhador. Vagas para o comércio já representam 30% das oportunidades oferecidas pela entidade. “A maioria das nossas vagas são para o varejo. Grandes grupos de hipermercados fazem contratações por aqui”, afirma Izilda Leal Borges, gerente de atendimento do Centro. Outro termômetro do nível crescente de empregos no varejo é o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que registrou incremento de 4.300 vagas no varejo paulista, no mês de março, em relação a fevereiro deste ano.

De acordo com a Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio) a taxa de admissão no setor varejista nacional atingiu em março 5,3% do saldo mensal de empregos. A média salarial registrada no setor de supermercados foi de R$ 1.152,00. As redes regionais também vêm crescendo em ritmo acelerado e estão contratando mais mão de obra. As pequenas e médias empresas do ramo supermercadista têm crescido a 15% nos últimos três anos, e as expectativas para 2010 são de um aumento de 25% nas contratações de pessoal, de acordo com Roberto Nascimento de Oliveira, professor do Núcleo de Estudos de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Uma tendência apontada por Roberto Nascimento é a busca de mais profissionais, que inclusive se tornarão clientes da própria loja. Isso no caso das redes regionais, que desenvolvem uma relação em três estágios com seu futuro colaborador.

O primeiro estágio é o da relação cliente-empresa, em que o estabelecimento fideliza o consumidor através do cartão de desconto oferecido pela rede. No segundo estágio se concretiza a proposta de trabalho, em que a grande aposta da empresa é no conhecimento que o promissor funcionário tem da rede e dos produtos comercializados. O terceiro e último momento seria o de ganho da confiança do funcionário e sua fidelização, como consumidor em potencial, por meio do cartão —agora, de funcionário— para fazer compras no estabelecimento onde trabalha.

O professor da ESPM ressalta ainda outra vantagem na composição deste mecanismo, que é a pesquisa de opinião para gerar ações de melhoria, pesquisa feita com o próprio colaborador, que este deixou de ser cliente. “O funcionário contribui com sua opinião e passa a trazer para dentro da empresa informações de forma rápida e eficaz, o que otimiza tempo e custos para as empresas”, afirma Nascimento.

Exemplos como os de redes pequenas e médias não faltam entre as grandes supermercadistas. O GPA conta com um time de 70 mil funcionários. Oferece a cada um deles desconto de 5% nas compras efetuadas em toda a rede, com débito em folha de pagamentos, por meio de multicheque — cartão do colaborador. Ainda é possível ter descontos de até 25% no setor não-alimentício e nos postos de gasolina. Além da praticidade de comprar no local de trabalho, otimizando o tempo, o colaborador tem a opção de parcelar as compras com seu cartão exclusivo.

O Grupo acredita no desenvolvimento. “A companhia realiza suas ações e políticas de recursos humanos baseada em critérios de promoção da qualidade de vida por meio dos quais traz um amplo pacote de benefícios que visam a estimular e contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional de todos os seus colaboradores e seus familiares”, conta Fernando Soleiro, diretor de Recursos Humanos do GPA .

A rede francesa Carrefour também fideliza seus funcionários “consumidores”. A empresa oferece o cartão-funcionário Carrefour que dá direito a 5% de desconto nas compras efetuadas na rede, e este percentual aumenta em datas sazonais, como, por exemplo, o próximo Dia das Mães, quando os descontos para o setor de eletro chegam a 15%.

Uma funcionária do Carrefour que está na empresa há nove anos e tem salário de R$ 780 afirmou que seu gasto mensal na loja é de em média R$ 300. A funcionária optou por não se identificar, e comenta que a escolha por fazer compras no seu local de trabalho também se justifica com as promoções que no dia a dia ela acaba por acompanhar de perto.

Outra a oferecer vantagens ao consumo do colaborador é a norte-americana Walmart, que possui em média 80 mil funcionários detentores dos cartões exclusivos para compras na rede. Cada colaborador tem direito a dois cartões que podem ser utilizados em toda a rede Walmart, em qualquer país. Um desses, é para desconto de 10% em produtos não-alimentícios da loja. Nesse caso é necessário efetuar o pagamento à vista, por qualquer meio de pagamento aceito pela rede.

O outro cartão oferece percentual de desconto ainda maior, de 25% para as compras nas farmácias da empresa, este, com débito em folha de pagamentos; outra característica importante deste cartão, é que o funcionário pode comprometer até 40% da sua renda mensal em compras. O Walmart Brasil oferece, ainda, a seus colaboradores, o cartão de sócio Sam’s Club, que é um braço da rede, um clube de compras só para associados.

Fonte: DCI