quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Lojas de material de construção vivem "melhor dos mundos"

Procura por imóveis usados e entrega de apartamentos novos levam a um boom nas vendas; setor é o que mais cresce no varejo

O aquecimento nas vendas de imóveis usados e a entrega das chaves de uma grande parte dos imóveis lançados em 2007 deram novo fôlego às varejistas de material de construção, que registram atualmente o maior ritmo de crescimento das vendas entre todos os segmentos do comércio.

Em julho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a receita das lojas de artigos para reforma cresceu 19,8% em relação ao mesmo mês de 2009, taxa superior à expansão de 13,5% das vendas do comércio de forma geral. No acumulado do ano, o varejo de material de construção apresenta um aumento de 20,3% nas vendas, em receita.

O setor ficou acima até mesmo das concessionárias de veículos, cujas vendas aumentaram 16,9% em julho em relação a igual período do ano passado e acumulam um crescimento no ano de 13,3%.

O varejo de material de construção passou, no período de apenas um ano, do “pior para o melhor dos mundos”, afirma Dimitrios Markakis, controlador da Construdecor, holding à qual pertence a Dicico, uma das cinco maiores redes de material de construção do País.

A varejista prevê faturar R$ 880 milhões em 2010, 25% mais que em 2009, quando as suas vendas totalizaram R$ 700 milhões. Markakis projeta atingir, até o fim de 2010, a marca de 50 lojas, com a inauguração de cinco unidades ao longo dos próximos três meses.

Durante a crise econômica, em contrapartida, as lojas de material de construção foram as que mais sofreram. O setor encerrou o ano passado com uma queda de 5,9% no volume vendido, enquanto o comércio varejista como um todo comercializou um montante 5,9% maior.

A forte elevação do custo do dinheiro foi um dos principais algozes do varejo de material de construção. As taxas de juros cobradas pelos bancos para o financiamento de capital de giro chegaram a ser superiores a 130% do CDI (Selic) durante a crise, em 2009, para as empresas de médio ou pequeno porte.

Agora, em compensação, as taxas estão mais baixas que antes da crise, chegando a 115% do CDI, e não há falta de linhas de crédito nos bancos, segundo uma fonte consultada pelo iG. A retomada do crédito fez com que a recuperação do consumo fosse vertiginosa: as vendas de material de construção pelo varejo aumentaram 17,2% no segundo trimestre de 2010, enquanto, entre abril e junho de 2009, os lojistas haviam amargado uma queda de 9,7% nos volumes comercializados.

Reforma

Os varejistas dependem essencialmente da disposição dos donos de imóveis em reformar a casa, já que as construtoras compram os insumos diretamente dos fornecedores. E a oferta de crédito é essencial, tendo em vista que grande parte das compras feitas pelos clientes é financiada em 12 vezes ou mais.

Os grandes clientes dos lojistas são os compradores de imóveis usados, que costumam investir na remodelação das residências. “Com a forte alta nos preços dos imóveis novos, que já estão custando R$ 6 mil ou R$ 7 mil o metro quadrado em São Paulo, a aquisição de imóveis usados voltou a ser atraente”, afirma Markakis, que atribui a melhora das vendas de material de construção à retomada do mercado.

Mas muitos dos imóveis novos também precisam, após a entrega das chaves, de itens de acabamento. Como um empreendimento demora, em média, três anos para ser construído, os apartamentos lançados em 2007, no início do boom do mercado imobiliário, estão sendo entregues agora, diz Markakis.

“Daqui para frente, o mercado só tende a ficar ainda melhor”, diz o empresário.
Fonte: IG Economia